Presidente da Funasa foi pastor de Bolsonaro

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Foto: Ailton de Freitas/Agência O Globo/

Alvo da Operação Gaveteiro deflagrada nesta quinta-feira, 6, pela Polícia Federal, o atual presidente da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Ronaldo Nogueira, foi deputado federal e ministro do Trabalho no governo Michel Temer. Ele deixou o cargo por iniciativa própria no fim de 2017 – à época, havia suspeitas de irregularidades em contratos de tecnologia da informação firmados por Nogueira, conforme auditorias da Controladoria-Geral da União. O então ministro demissionário justificou que se dedicaria à reeleição pelo PTB do Rio Grande do Sul – o que não conseguiu em 2018.

Nogueira foi alçado ao cargo de ministro por influência do ex-deputado Roberto Jefferson, condenado no mensalão, e do ex-líder do PTB na Câmara dos Deputados Jovair Arantes (GO). Ambos foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República na operação Registro Espúrio, um esquema ilegal envolvendo o registro de sindicatos. Nogueira ficara de fora.

A gestão de Nogueira no ministério foi marcada pela aprovação da reforma trabalhista no Congresso Nacional, por alterações nas regras de fiscalização do trabalho escravo.

A aproximação com o governo Bolsonaro se deu não pelo partido, mas pela via religiosa. O presidente da Funasa é pastor evangélico e em sua trajetória política teve maciço apoio da Convenção dos Pastores e Igrejas Evangélicas Assembleia de Deus do Rio Grande do Sul. Seu berço político é Carazinho, cidade do interior gaúcho.

Após desligar-se do governo Temer, foi um dos políticos evangélicos mais influentes e exerceu lobby ativo na transição para o governo Bolsonaro.

Com um dos seus principais colaboradores, o advogado Pablo Tatim, Nogueira trabalhou na elaboração de uma espécie de plano administrativo com sugestões da Frente Parlamentar Evangélica. O documento-manifesto era intitulado “O Brasil para os brasileiros”. Terminou nomeado para a Funasa.

Tatim chegou a figurar por algum tempo na Casa Civil e caiu alvo de investigações. De forma recorrente, deputados voltam a sugerir o nome de Tatim para cargos no Executivo – mas ele está vetado pela ala militar do Palácio do Planalto.

Estadão