Segurança de miliciano quem indicou sua localização
Foto: Reprodução
Um homem que fazia a segurança do miliciano Adriano Magalhães da Nóbrega, morto em ação policial na cidade de Esplanada, na Bahia, foi quem indicou aos policiais o sítio onde estava o ex-capitão do Bope, apontado como chefe do Escritório do Crime.
Adriano foi morto em um confronto com policiais militares no domingo (9), em um sítio na zona rural de Esplanada, a cerca de 168 km de Salvador. O sítio pertence a um vereador do PSL na Bahia.
Após investigações do serviço de inteligência do Rio de Janeiro, o segurança preso, que não teve a identidade revelada, foi achado pela polícia em uma casa distante alguns quilômetros do sítio.
Segundo Maurício Barbosa, secretário de Segurança Pública da Bahia, que conversou com a imprensa nesta segunda-feira (10), o segurança contou aos policiais que não sabia do histórico de crimes do miliciano. Ele vai ser investigado por favorecimento pessoal, porte ilegal de arma e lavagem de dinheiro.
Conforme o secretário, Adriano estava envolvido com compra de terras e animais para lavagem de dinheiro na Bahia e, por isso, o segurança preso vai ser investigado. Barbosa ainda disse que, há cerca de 15 dias, a SSP-B foi procurada pela polícia do Rio de Janeiro para ajudar a identificar o local onde Adriano estava.
Primeiro, a operação ocorreu na Costa do Sauípe, a quase 100 km de Esplanada. Adriano não foi achado no local. Entretanto, as investigações continuaram.
O secretário Maurício Barbosa destacou os policiais abriram fogo contra Adriano, porque ele resistiu à abordagem.
“Nós estamos tratando de um ex-policial militar do BOPE, altamente treinado. Então, se dizer agora, que não deveríamos ter feito, tudo é achismo, é conjectura de pessoas que não participam, que nunca participaram de uma ação policial. Tentamos, mais uma vez, trazer aqui a pessoa presa, mas a escolha, infelizmente, não foi da nossa equipe, foi de quem efetuou a resistência e quis confrontar com nossos policiais”, disse Barbosa.
Os policiais apreenderam com Adriano uma pistola austríaca calibre 9mm. Dentro do imóvel, as equipes ainda encontraram mais três armas e 13 celulares.
Maurício Barbosa destacou que os celulares vão servir para as polícias descobrirem qual era o tipo de crime que era realizado na Bahia.
“Estamos fornecendo todo material apreendido para que a polícia do Rio continue a sua investigação. A conclusão do nosso inquérito se refere à diligência, a operação em si, como também esse crimes de que havia lavagem de dinheiro aqui na Bahia”, contou o secretário, que afirmou que o inquérito deve ser concluído em 15 dias.
A Corregedoria-Geral da SSP-BA, em parceria com a Polícia Militar, está apurando as circunstâncias da morte de Adriano Nóbrega. A investigação é por auto de resistência, quando o policial alega legitima defesa à resistência de prisão do suspeito.
Foragido há mais de um ano, Adriano era alvo de mandado de prisão expedido em janeiro de 2019.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA), o ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar do Rio de Janeiro passou a ser monitorado por equipes do órgão a partir de informações de que ele teria buscado esconderijo na Bahia. O advogado de Adriano disse que o miliciano temia ser alvo de uma “queima de arquivo”.
Em nota, a SSP-BA afirmou que Adriano era suspeito de envolvimento no assassinato de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em março de 2018. O nome do miliciano, no entanto, não consta do inquérito que investiga a morte da vereadora.
Segundo a Secretaria de Polícia Civil do Rio de Janeiro (Sepol), Adriano da Nóbrega era investigado havia um ano pelo setor de inteligência do órgão e pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público. Ao longo desse período, os agentes monitoraram o ex-policial militar para localizá-lo.
Adriano era um dos denunciados da Operação Intocáveis, coordenada pelo Gaeco do Rio de Janeiro.
Quando ela foi deflagrada, em janeiro de 2019, uma força-tarefa do Ministério Público e da Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu cinco homens acusados de integrar milícia que atuava em grilagem de terra, agiotagem e pagamento de propina em Rio das Pedras e na Muzema, duas favelas de Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio.
O ex-policial era um dos três integrantes considerados chefes do grupo e o único foragido daquela operação.