Surgem mais duas suspeitas de coronavírus no país

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Foto: AFP/Arquivo

As suspeitas de coronavírus em análise no Distrito Federal deixaram a capital do país em alerta. Três hospitais da rede pública estão preparados para receber pacientes com suspeita ou até com o diagnóstico confirmado para contaminação pelo coronavírus.

Além do Hospital Regional da Asa Norte (Hran), considerado referência para atendimentos à população local, o Hospital de Base (HBDF) e o Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib) têm protocolo específico para o tratamento de casos notificados pela Secretaria de Saúde, a depender da vulnerabilidade do paciente.

Outras medidas são proibir a doação de sangue de quem tenha viajado para países endêmicos, como China e Itália nos últimos 30 dias. Em outras frentes, como no transporte público, o Metrô-DF quer a instalação de equipamentos com álcool em gel nas estações. Para o governador Ibaneis Rocha (MDB), a capital está preparada.

De acordo com o Plano de Contingência para a Epidemia da Doença, criado pela pasta neste mês e obtido pelo Metrópoles, as unidades receberão pacientes a partir do quadro clínico. No caso de crianças ou adolescentes até 14 anos e grávidas, por exemplo, o Hmib será o hospital de referência para o diagnóstico e o tratamento do novo vírus.

Já o Hospital de Base ficará responsável pelo acolhimento de pessoas com sintomas mais graves e as chamadas imunossuprimidas – em tratamento de HIV/Aids, de câncer do sangue, gânglios ou ínguas e ainda aqueles que fazem uso de corticoesteróides em doses que possam reduzir reações imunológicas.

O documento ainda estabelece que os casos suspeitos sem sinais de gravidade poderão ser encaminhados para isolamento domiciliar. Ficam enquadrados nesse perfil os doentes que não apresentarem problemas respiratórios (dispneia) e desidratação, por exemplo. Eles poderão se recuperar em casa, desde que os exames tenham sido realizados e a Vigilância Epidemiológica tenha autorizado alta hospitalar.

Segundo a Secretaria de Saúde, nesse caso específico, a locomoção para a casa do paciente com suspeita de contaminação do vírus deverá ser feita com transporte sanitário e monitorada por especialistas para orientação dos familiares.

O acompanhamento da evolução do caso se dará pela Atenção Primária de Saúde (APS), cujos profissionais receberão treinamento adequado quanto ao uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) e manejo clínico. “Os profissionais da APS poderão reencaminhar os pacientes para as unidades de referência, caso haja piora na evolução clínica”, ressalva.

Plano de Contingenciamento da Secretaria de Saúde define as unidades hospitalares a depender do quadro clínico da suspeita de contaminação

Ainda conforme a pasta, um pacto com a Central de Regulação garantirá leitos de UTI para os casos suspeitos que necessitarem de tratamento mais intensivo. “Pacientes atendidos na rede privada deverão notificar o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) e manter o paciente internado em isolamento respiratório, caso preencha critérios para internação, ou ser orientado para isolamento domiciliar”, orienta o protocolo.

Os exames para diagnosticar a doença serão feitos pelo Laboratório Central da Secretaria de Saúde do DF. “A realização de coleta de amostra está indicada sempre que ocorrer a confirmação de caso suspeito. Orienta-se a coleta de aspirado de nasofaringe ou swabs combinado (nasal/oral) ou também amostra de secreção respiratória inferior (escarro ou lavado traqueal ou lavado bronco-alveolar)”, diz o documento.

As coletas seguem o mesmo protocolo para casos de influenza, e as amostras devem ser encaminhadas em caixa térmica que mantenha temperatura entre 2ºC e 8ºC.

No caso de morte do paciente, a Secretaria de Saúde orienta que seja realizada coleta de tecidos da região central dos brônquios, tanto esquerdo quanto direito, e da traqueia. Ainda serão recolhidas partes do tecido pulmonar e da mucosa nasal. “A coleta para realização do diagnóstico histopatológico deve ser feita observando-se os protocolos em vigência nos serviços locais de patologia”, diz o documento.

No Distrito Federal, até o início da tarde de quarta-feira (26/02/2020), havia três casos de provável infecção. Dois pacientes estão internados no Hospital Home, na Asa Sul, e o terceiro, no Santa Lúcia, na Asa Norte. Por volta das 13h, o Home informou que uma paciente idosa que estava sob observação foi liberada e o caso dela, descartado.

Os casos são classificados como suspeitos quando o paciente apresenta sintomas como dificuldade respiratória e febre. Além disso, a pessoa precisa ter passado por países com incidência de coronavírus nos últimos 14 dias, antes de a doença se manifestar.

Nessa quarta-feira, o governador Ibaneis Rocha (MDB) assegurou ao Metrópoles que o Distrito Federal está pronto para combater eventual epidemia de coronavírus entre os brasilienses. A declaração foi dada após a Secretaria de Saúde ser notificada sobre ao menos novos dois casos suspeitos de contaminação.

“Estamos preparados para enfrentar essa doença. Desde que o governo federal anunciou que Anápolis (GO) receberia os brasileiros repatriados com suspeita de contaminação, decidimos nos antecipar e preparar toda a rede pública para receber os pacientes que se enquadram no protocolo de suspeita”, afirmou o governador à coluna.

Ainda segundo o titular do Palácio do Buriti, “hoje, temos o Hran como unidade de referência e ainda o suporte do HFA [Hospital das Forças Armadas], com toda a expertise necessária para o pronto atendimento”.

A declaração foi dada após o governo de São Paulo ter anunciado o plano de contenção da doença no território paulista após a confirmação do primeiro paciente brasileiro infectado pela doença.

No DF, contudo, o plano de contingência já estava pronto, segundo informou o emedebista. “O governador de São Paulo, João Doria, agiu corretamente e está no papel dele, mas aqui já estávamos preparados por causa da proximidade com a Base Aérea de Anápolis. Estamos seguros de que vamos enfrentar essa doença quando ela realmente chegar ao Distrito Federal”, emendou.

O risco de contaminação pelo vírus, especialmente em locais com grande concentração de pessoas, levou a Companhia do Metropolitano do DF (Metrô-DF) a se antecipar para a possibilidade de uma epidemia no Distrito Federal.

Documento interno da estatal assinado pela divisão responsável pelas estações sugere medidas para combater a possível proliferação da doença, principalmente nos horários de pico dos trens, e expõe medidas sugeridas dentro do protocolo do Ministério da Saúde.

Um dos pedidos é a instalação de equipamentos para álcool em gel nas estações. O texto ainda reforça que há estoque de luvas e máscaras na companhia, caso seja necessário o uso.

“Diante da confirmação do primeiro caso de coronavírus no Brasil (São Paulo), e com intuito de garantir a segurança e saúde dos funcionários e usuários da linha e a manutenção da qualidade de nosso trabalho, gostaria de sugerir que fosse feito um plano de ação com dicas de higiene e a importância do uso do álcool em gel na prevenção da doença, que é altamente transmissível”, diz.

“Sabemos que locais com grande fluxo de pessoas facilita muito o alastramento do vírus, e em países onde a doença já existe, os primeiros afetados foram os empregados de transporte coletivo. Para que evitemos ao máximo esse problema que encaminho este pedido.”

Em outra frente, nota técnica divulgada no sistema interno do Governo do Distrito Federal também estabelece novos parâmetros para a doação de sangue na capital.

Segundo o documento, conjunto do Ministério da Saúde, do Departamento de Atenção Especializada e Temática e da Coordenação-geral de Sangue e Hemoderivados, as pessoas que viajaram para China, Itália, e outras regiões com casos autóctones confirmados, nacionais ou internacionais, estão impedidas de doar sangue por 30 dias.

A nota é uma atualização dos critérios técnicos para triagem clínica de dengue, chikungunya, zika e coronavírus nos candidatos à doação de sangue.

Além disso, candidatos à doação de sangue que tiveram contato, nos últimos 30 dias, com pessoas que apresentaram diagnóstico clínico e/ou laboratorial de infecções por esses vírus, além daqueles que tiveram contato com casos suspeitos em avaliação, deverão ser considerados inaptos à doação pelo mesmo período.

Saiba como prevenir

Evitar contato próximo com pessoas com infecções respiratórias agudas;
Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contato direto com pessoas doentes ou com o meio ambiente e antes de se alimentar;
Usar lenço descartável para higiene nasal;
Cobrir o nariz e a boca ao espirrar e tossir;
Evitar tocar nas mucosas dos olhos;
Higienizar as mãos após tossir ou espirrar;
Não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas;
Manter ambientes bem ventilados;
Evitar contato próximo com animais selvagens e animais doentes em fazendas ou criações.

Metrópoles