Bolsonaro volta a defender licença para matar

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Alan Santos/PR

O presidente Jair Bolsonaro, durante sua live semanal no Facebook, nesta quinta-feira, 5, voltou a defender o projeto que amplia o conceito de excludente de ilicitude para agentes de segurança em operação e disse que vai “dificultar” a decretação de novas operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).

Para o presidente, a medida é necessária para que os militares tenham “retaguarda jurídica” para atuar durante as operações de GLO. Segundo ele, é uma “irresponsabilidade” enviar jovens soldados para operações de rua sem a garantia de que eles possam atuar sem risco de serem processados por eventuais mortes em confrontos.

“Deixar bem claro, nós [vamos] dificultar a GLO, não é que eu não queira, vamos dificultar porque é uma irresponsabilidade você mandar jovens de 20, 21 e 22 anos de idade, que são soldados engajados ou reengajados das Forças Armadas, para entrar numa linha de frente, numa verdadeira guerrilha. E daí acontece um problema, não é justo você condenar até 40 anos de cadeia um soldado, que pode ter seu filho. Nós precisamos do excludente de ilicitude”, afirmou.

“O que é o excludente de ilicitude? O elemento cumpre sua missão, lógico, sem excessos, e vai para casa tranquilo. Se, no combate ali, morreram três, quatro, cinco, dez ou quinze bandidos, ele não vai responder por isso. É isso que nós queremos, afinal de contas, é responsabilidade nossa dar essa retaguarda jurídica para o militar poder bem trabalhar”, acrescentou. “Nós precisamos, espero que o Parlamento vote, se o Parlamento não quiser votar, sem problema, eu não posso interferir no Parlamento brasileiro”.

Na quarta-feira, 4, o presidente alterou o decreto de GLO no Ceará para por fim à atuação dos militares. A desmobilização das Forças Armadas, que atuavam na segurança pública do estado, ocorreu após o retorno dos policiais militares ao trabalho. Parte da categoria fez greve durante 13 dias, com policiais amotinados em quartéis e batalhões. Eles começaram a voltar ao trabalho na segunda-feira, 2, mesmo dia em que foi assinado o acordo que encerrou a paralisação.

O presidente, ao falar sobre o motim de policiais militares no Ceará, minimizou o fato de ser ilegal a paralisação de policiais militares, de acordo com a Constituição, e disse haver uma “diferença enorme” entre greve e motim, acusando novamente a imprensa.

“Foi feito um acordo e decidiu a questão da greve dos policiais. Olha o que eu falei: greve. A imprensa nos governos anteriores falava em greve. Quando chegou o meu governo, começou a falar o quê? Motim. O que é uma diferença enorme de greve para motim. Essa é a imprensa brasileira. Não adianta que eu não vou mudar, porque estou do lado da verdade. Quem tem de mudar são vocês”, ponderou.

Durante a transmissão, Bolsonaro também reclamou da reação da imprensa ao caso do humorista que se passou por ele no Alvorada no mesmo dia que foi divulgado o pior resultado do PIB em três anos.

“Esteve aqui… o humorista Carioca, gravou uma entrevista comigo”, iniciou. “Como o Carioca sabia que por volta de 8h30 eu saio todo dia, né, e vou trabalhar e tem em media 60 pessoas ali … ele pegou e saiu com o carro dele na frente, e desceu, com a minha cara, com a faixa de presidente e com uma caixa cheia de banana do lado. E saudou o povo. E ofereceu banana para a imprensa”, relatou.

“A imprensa não gostou. Ficou irritada, né”, acrescentando que faltou aos meios de comunicação que ali estavam “espírito de humor, esportivo”. “A imprensa queria me entrevistar. Eu não estou falando com a imprensa, é um direito meu, pô”, afirmou, aproveitando para afirmar que é um direito da imprensa questioná-lo, mas que “perguntam muita besteira”.

Veja