Esclarecimentos sobre o coronavírus

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Foto: Reprodução

Na quarta-feira, dia 11 de março, eu repostei o primeiro gráfico, obtido no worldometers. Infelizmente, pouquíssimas pessoas estudam equações diferenciais (matemática universitária), e poucas realmente entendem o comportamento de uma função exponencial (matemática do ensino médio). Isso é culpa de um sistema educacional que não prepara os estudantes corretamente para compreender conceitos básicos de matemática elementar, de modo a estarem habilitados a exercer melhor sua cidadania, sobretudo em momentos como este.

Por isso, vou tentar ser o mais didático possível. O primeiro gráfico, do dia 9 de março, mostra que havia 33.627 casos reportados de codiv-19 fora da China. Olhando para o gráfico, é possível estimar que o número de casos dobra aproximadamente a cada quatro dias. Essa dinâmica é determinada principalmente pelo número médio de pessoas que são infectadas para cada portador da doença.

A dinâmica de transmissão é extremamente agressiva, uma pessoa, em média, contamina 4 outras pessoas. Ela é agressiva porque a transmissão pode acontecer de maneira assintomática, num aperto de mão ou respirando perto de uma pessoa; pelo contato com superfícies, a exemplo de maçanetas, botões de elevador, alças de ônibus, metrô, etc.; ou pelo ar, já que o vírus fica suspenso a depender da temperatura e da umidade local. Levará meses até uma vacina estar disponível para produzir imunização em massa. Por isso o apelo para que pessoas infectadas ou com suspeitas de infecção fiquem em autoisolamento, lavem as mãos, evitem tocar o rosto, etc.

O segundo gráfico mostra o número de casos na sexta-feira, 13 de março, 64.659, quase o dobro do número registrado quatro dias antes. Isso significa que, nas próximas 4 semanas (28 dias), se as pessoas não tomarem medidas para reduzir o contágio, o número de infectados fora da China já irá ter dobrado (28 dias/4) = 2^7 = 2 x 2 x 2 x 2 x 2 x 2 x 2 = 128 vezes. Então, daqui a 1 mês, já haverá mais de 8 milhões de casos no mundo. A taxa de mortalidade média está em cerca de 3,8%, o que significa que 300 mil pessoas poderão morrer. Na Itália, a mortalidade passa dos 7%. Pode ser que esses números sejam superestimados uma vez que nem todos os casos (naturalmente os menos graves) são reportados, o que poderia puxar esse percentual para baixo. Nesse caso, prefiro ser consevador do que otimista.

Lembrem-se que esses números dobram a cada quatro dias. Mesmo que a letalidade seja baixa, o número de pessoas infectadas poderá ser tão grande a ponto de sobrecarregar os sistemas de saúde, vejam a tragédia que está acontecendo na Itália. Os casos mais graves da doença necessitam de ventilação mecânica, e não haverá equipamento para todo mundo.

A doença já se encontra na fase de transmissão comunitária, o que significa não ser mais possível traçar a origem do contágio. Tenho acompanhando o surgimento dessa pandemia há alguns dias com bastante apreensão. Os primeiros casos surgiram na China, em Wuhan. Depois de se espalhar pela Ásia, se instalou no Oriente Médio (Irã) e Europa. Enquanto a China e alguns países asiáticos estão conseguindo estabilizar os casos, a Europa e Irã estão enfrentando uma verdadeira explosão. A terceira onda está acontecendo aqui nos EUA. A situação mudou rapidamente por aqui, e, honestamente, não sei o que irá acontecer nas próximas semanas. A quarta onda será na América do Sul e Oceania (sobretudo Austrália) e, em seguida, na África. Não é (e nunca foi) uma doença de branco, europeu, rico, etc. Ela decorre de uma série de fatores, que precisaremos analisar com muito rigor, porque essa não é a primeira nem será a última pandemia que enfrentaremos. De todo modo, a população pobre irá sofrer mais.

Acho que cumpri com minha consciência e compartilhei o conhecimento que adquiri sobre esse tema. Quem quiser conversar no privado e saber mais, fico à disposição. Cuidemos uns dos outros.

Ernesto Mané Jr.