Especialistas discutem risco de faltar alimentos

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Foto: Daniel Case/ Wikimedia Commons.

Enquanto supermercados têm se esvaziado em diferentes países, o transporte de alimentos a nível internacional poderá ser afetado pelas quarentenas.

O temor dos efeitos da COVID-19 tem levado pessoas a esvaziar os supermercados, em particular na Europa, enquanto as reservas de alimentos estão cheias no mundo.

O sistema de operações logísticas envolve todo o mundo. Se algo acontecer em algum lugar do planeta, resultarão consequências em outra parte.

“Existe uma complexa rede de interações sobre a qual não costumamos pensar e que forma parte da cadeia de fornecimento de alimentos: caminhoneiros, vagões de trem, transporte marítimo, trabalhadores das plantas”, declarou à Bloomberg o chefe do Departamento de Economia Agrícola da Universidade Purdue, EUA, Jayson Lusk.
Desde o início da pandemia do coronavírus na China, pôde-se observar uma redução das exportações da Ásia, e agora há uma escassez de contêineres vazios para exportar a ervilha canadense ao mundo.

É possível que toda a rede “seja mais frágil do que pensamos”, acrescentou Lusk.

Ainda segundo a mídia, o fechamento de portos e as medidas tomadas pelos governos no combate à propagação do coronavírus podem acarretar problemas à distribuição de mercadorias.

Ainda existe a possibilidade de que haja escassez de trabalhadores, uma vez que os mesmos são obrigados a ficar em casa por estarem doentes ou por medida preventiva.

Ao fecharem as escolas, as plantas produtivas poderão reduzir seu ritmo de trabalho, visto que parte dos funcionários deverá cuidar de seus filhos.

“Não vemos um choque nos fornecimentos no sentido da disponibilidade”, afirmou Abdolreza Abbassian, economista sênior na Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação.
Contudo, Abbassian também prevê a possibilidade de problemas no fornecimento.

“Mas poderia ter um choque no fornecimento em termos de logística, quando não se pode transportar bens do ponto A ao ponto B”, explicou.

É válido ressaltar que basta um funcionário infectado com a doença para que a produção de uma fábrica possa ser encerrada.

Enquanto isso, alguns produtores de carne nos EUA já registram contração da produção entre 20% e 30%, segundo Christine McCracken, analista do Rabobank.

A escassez dos produtos básicos poderá levar ao aumento de seu preço, segundo Adnan Durrani, diretor executivo da Saffron Road.

No entanto, quais produtos deverão faltar deve variar de acordo com a região, enquanto o cenário pode piorar com o tempo.

“Se isto [a crise] continua por outros dois meses ou mais, a tensão no fornecimento de alimentos vai piorar”, disse Durrani.

O medo da falta de alimentos pode também levar países a coibirem a exportação de produtos nacionais visando atender suas populações.

Segundo Christian Gloor, executivo da Heinz & Co., com sede na cidade suíça de Zurique, a Sérvia proibiu a exportação de óleo de girassol.

“Se vários países começam a fazer isso, o mercado ficará louco […] Se, por exemplo, a França deixar de fornecer trigo, isso poderia causar uma grande perturbação em todos os mercados. Se um país começa, outros o seguirão, e então realmente será um desastre”, afirmou.

Também o aumento do dólar americano, moeda comumente usada nas compras internacionais, dificultaria o acesso de países com menor poder aquisitivo a produtos no mercado internacional, de acordo com Abbassian.

Sputnik