Inquérito sobre ataques ao STF flagra empresários bolsonaristas

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Foto: Dorivan Marinho / Divulgação STF

Doze perfis com prática sistemática de ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) nas redes sociais já foram mapeados pelo inquérito da Corte que apura ameaças, ofensas e fake news contra magistrados e suas famílias. A investigação corre sob sigilo e deve ser concluída ainda neste semestre, quando seguirá para o Ministério Público.

O Estado revelou na última quarta-feira, 11, que o inquérito do Supremo, aberto há um ano por determinação do presidente da Corte, Dias Toffoli, já identificou empresários bolsonaristas que estariam financiando um “bombardeio” virtual contra ministros do tribunal.

Na lista dos 12 perfis monitorados pelo inquérito há pelo menos quatro grandes empresários do setor de comércio e serviços. Todos apoiam Bolsonaro desde a campanha de 2018.

A investigação, comandada pelo ministro Alexandre de Moraes, quer rastrear os financiadores desses perfis. O custo dos ataques nas redes pode chegar a R$ 5 milhões por mês.

O caso tem sido acompanhado por um número restrito de auxiliares de Moraes. O inquérito não identificou apenas fake news, mas também sonegação fiscal, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.

A investida contra o tribunal na internet foi tema de conversas reservadas no Supremo, na tarde de quarta-feira. Um ministro disse ao Estado considerar “um absurdo” a atuação de empresários contra a mais alta Corte do País. Outro magistrado afirmou que já desconfiava do envolvimento de homens de negócios na “guerra” contra o Supremo. Oficialmente, o STF não comenta o assunto.

Nos bastidores, há receio de que os novos desdobramentos da investigação também levem o STF para o centro dos atos marcados para domingo, que têm apoio do presidente Jair Bolsonaro. Movimentos de direita querem transformar as manifestações em protestos contra o Congresso e o Supremo.

CPI. Em paralelo à atuação da Corte, o presidente da CPI das Fake News, senador Ângelo Coronel (PSD-BA), disse que o ponto principal da investigação no Congresso também é identificar quem financia os ataques aos opositores de Bolsonaro nas mídias digitais. “Tem gente gastando pesado. Vamos tentar colocar algo no relatório final da CPI para propor indiciamento e encaminhar ao Ministério Público”, afirmou ele.

Relatora da CPI, a senadora Lídice da Mata (PSB-BA) disse que as assinaturas necessárias para a prorrogação dos trabalhos até outubro já estão asseguradas. Segundo Lídice, o governo tentou impedir que a CPI fosse estendida até o mês das eleições, mas não obteve sucesso. “Há uma compreensão cada vez mais consolidada da necessidade de se combater as fake news e identificar essa prática maléfica”, argumentou.

Estadão