Itália registra maior número de mortes em um único dia pelo novo coronavírus

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Foto: Flavio Lo Scalzo/File Photo/Reuters

A Itália registrou 969 mortes pelo novo coronavírus nas últimas 24 horas, um recorde em qualquer país desde que a pandemia começou no final de dezembro na China. Com os novos óbitos, o total de falecimentos no país alcançou 9.134 nesta sexta-feira, 27.

Mais de 500 das mortes registradas no último dia aconteceram na Lombardia, região no norte do país que é o epicentro da Covid-19 na Itália. Ao todo, a nação tem 80.589 casos de contágio pelo vírus.

Antes desta sexta, o recorde de mortes no país aconteceu em 21 de março, quando 793 pessoas haviam morrido. Entre os óbitos anunciados hoje, contudo, estão 50 pessoas que morreram na quinta-feira 26, na região do Piemonte, que só foram contabilizadas agora.

O recorde no número de óbitos foi batido pouco depois do chefe do Instituto Superior de Saúde do país, Silvio Brusaferro, anunciar que as infecções pelo novo coronavírus na Itália ainda não atingiram seu pico.

“Nem atingimos o pico nem ultrapassamos”, disse Brusaferro em uma coletiva de imprensa. No entanto, o especialista afirmou que há “sinais de desaceleração” no número de pessoas infectadas, sugerindo que o pico pode não estar muito longe, após o qual novos casos devem mostrar uma tendência visível de queda.

“Quando a queda começar, o quão acentuada será vai depender do nosso comportamento”, disse Brusaferro, referindo-se a quanto os italianos continuarão a respeitar as restrições de um confinamento imposto pelo governo.

O prefeito de Milão, Giuseppe Sala, reconheceu, nesta quinta-feira 26 que errou ao apoiar a campanha “Milão não para”, que, lançada há exatamente um mês, estimulou os moradores da cidade a continuar as atividades econômicas e sociais durante a pandemia.

Quando a hashtag começou a ser divulgada na internet, em 26 de fevereiro, a Lombardia, região da Itália onde fica Milão, tinha 258 pessoas infectadas pelo vírus, e o país inteiro contabilizava 12 mortes. Hoje, a província é a mais atingida pela Covid-19 no país, com 37.298 casos e 5.402 óbitos.

“Muitos se referem àquele vídeo que circulava com o título #MilãoNãoPara. Era 27 de fevereiro, o vídeo estava explodindo nas redes, e todos o divulgaram, inclusive eu. Certo ou errado? Provavelmente errado”, reconheceu Giuseppe Sala, em entrevista ao programa de televisão italiano Che tempo che fa, da emissora Rai.

Sala postou em sua página no Instagram um vídeo realizado por uma associação de bares e restaurantes da cidade, que incentivava a população a viver normalmente. Dias depois, compartilho também uma foto em que vestia uma camisa com o slogan “Milão não para”.

A Itália, cuja dívida é a segunda maior da zona do euro depois da Grécia, exige da União Europeia (UE) uma maior solidariedade financeira enquanto os países do norte, especialmente a Alemanha, se opõem a mutualizar a dívida entre países para enfrentar o impacto negativo da Covid-19.

Os meios de comunicação italianos, em geral a favor da UE, analisam a ideia de “um acordo mínimo” e criticam a falta de união entre os países, diante do que todo o mundo coincide em considerar a pior crise desde a Segunda Guerra Mundial.

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