Lava-Jato acusa MJ de vazar pedido de prisão de ‘Rei Arthur’

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Reprodução/TV Globo

Acusado de pagar propina na compra dos votos para os Jogos Olímpicos, o empresário Arthur Soares de Menezes, o “Rei Arthur”, tomou conhecimento de seu pedido de prisão quase duas semanas antes da operação Unfairplayter sido deflagrada, em 5 de setembro de 2017.

A afirmação é do sócio de Arthur, Ricardo Siqueira Rodrigues em delação premiada firmada com Ministério Público Federal (MPF). Segundo ele, o vazamento aconteceu quando Astério Pereira do Santos, preso nesta quinta-feira na Lava-Jato por envolvimento no esquema de Sérgio Cabral, era secretário nacional de Justiça e teria feito com que a informação chegasse a Arthur, de quem era muito próximo.

No Anexo 24 de sua colaboração com o MPF, o delator afirmou que ao visitar Arthur no dia 25 de agosto de 2017 em Portugal, quando o empresário já era investigado por ligação com o esquema Cabral, estranhou a reação do sócio depois que ele atendeu uma ligação do Brasil. Após o telefonema, Arthur viajou aos Estados Unidos no mesmo dia. Seis meses depois, Arthur confidenciou a ele durante um almoço em Miami que tinha feito acordo de colaboração com o Departamento de Justiça Americano e que a ligação que recebera em Portugal era de uma pessoa de sua “total confiança” que o avisou de sua iminente prisão.

Arthur contou, de acordo com o delator, que a Justiça brasileira havia encaminhado o pedido de prisão via cooperação jurídica internacional para os Estados Unidos e que, “em razão disto, teria retornado aos EUA, no mesmo dia, ou no dia seguinte, para firmar acordo de colaboração premiada com as autoridades americanas.

Segundo o delator, Arthur contou que o vazamento da informação se deu por meio de pessoa de dentro do Departamento de Recuperação de Ativos do Ministério da Justiça que teve acesso a documentos. E citou o nome de Astério, que por ter uma função graduada no Ministério da Justiça teria feito indicações de pessoas para o DRCI (sigla do departamento), vinculada à Secretaria Nacional de Justiça e por onde tramitou o pedido de cooperação jurídica internacional realizado pelo Ministério Público Federal (MPF) aos Estados Unidos feito em 18 de agosto de 2017, uma semana antes de Arthur ter sido avisado.

Astério foi secretário nacional de Justiça entre 23 de março de 2017 até novembro de 2017

“Muitas informações que SOARES recebia tinham como origem ofícios e comunicados que chegavam a esse departamento do Ministério da Justiça”, diz trecho da delação. “E que não só ele, como outras pessoas, recebiam informações oriundas do DRCI (sigla do departamento)”.

Durante o almoço, o delator contou ainda que o “Rei Arthur” comemorou que o acordo feito com os Estados Unidos impedia a sua deportação para o Brasil, como queria as autoridades brasileiras.

A operação Unfairplay foi deflagrada no dia 5 de setembro de 2017, 10 meses depois da prisão do e-governador Cabral. Além da prisão de Arthur, o MPF intimou o então presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), que meses depois foi preso também acusado de participar do esquema de corrupção no processo de escolha do Rio como sede dos Jogos Olímpicos 2016. O Ministério Público Federal afirma que há “fortes indícios” de que Nuzman “interligou corruptos e corruptores” na compra de votos dos membros do COI.

Em outubro de 2019, o “Rei Arthur” chegou a ser preso nos EUA. A prisão, no entanto, não durou nem 24 horas e ele foi posto em liberdade após os advogados entregarem todos os documentos exigidos para a renovação de seu visto.

A defesa de Arthur Soares disse ao GLOBO que empresário foi equivocadamente detido por não portar a documentação necessária para renovação do seu visto. “Ressaltamos que as providências burocráticas já foram tomadas e que Arthur será liberado, dada a sua regular situação naquele pais.”

Em agosto, “Rei Arthur” foi localizado nos EUA pela reportagem do “Fantástico”, da TV Globo. O “Rei Arthur”, vivendo em uma residência na ilha de Miami Beach , na Flórida. Segundo a reportagem, o empresário levava uma vida com hábitos de luxo e circula livremente pelas ruas.

O Globo