Mandetta sugere que pandemia no Brasil é maior do que parece
Foto: Adriano Machado / REUTERS
No penúltimo dia do mês, os números do novo coronavírus no país continuaram a subir. Ontem, o boletim da situação nacional registrou 159 mortes pela doença e 4.579 casos confirmados. De domingo para segunda, houve 323 novos registros e 23 óbitos. Com isso, a letalidade do vírus no Brasil também cresceu, chegando a 3,5%. O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, voltou a dizer, em coletiva, que a taxa não reflete a realidade e é apenas “representativa”.
“Os óbitos são muito mais fáceis de serem confirmados. Já o número de casos diagnosticados é muito maior do que o divulgado, pois não temos testagem para todos. Se tivéssemos todos os casos que circulam no Brasil testados, teríamos um denominador maior e uma letalidade menor. Quanto menos testes você faz, maior fica a letalidade”, explicou Mandetta. No mundo, a letalidade do vírus é de 4,8%.
O chefe da pasta disse que é esperado um considerável aumento no número de casos ainda esta semana, já que o ministério receberá testes rápidos para auxiliar a realizar o diagnóstico de casos mais leves. Consequentemente, de acordo com o ministro, a letalidade cairá. Os primeiros 500 mil testes rápidos, referentes ao primeiro lote de um total de 5 milhões adquiridos e doados pela Vale, já estão no Brasil. A expectativa é de que eles sejam distribuídos a partir da próxima semana. O Ministério da Infraestrutura auxiliará o Ministério da Saúde na logística de distribuição do material.
Neste primeiro momento, o órgão fará a aplicação dos testes em profissionais de saúde e de segurança que estejam com sintomas da doença. Outra parte servirá para verificação dos casos graves e mortes. “Esse teste vai ser fundamental para a gente saber se aquela enfermeira, aquele médico ou o profissional de segurança, que teve uma gripe ou que está com uma gripe, teve resultado positivo para coronavírus. Se sim, vamos tratar de um jeito. Se não, poderá retornar ao trabalho”, esclareceu Mandetta. Os outros 4,5 milhões de testes rápidos doados pela Vale devem chegar ao Brasil ainda no mês de abril.
Diferentemente do teste de biologia molecular, chamado de RT-PCR, que identifica o vírus que provoca o coronavírus logo no início dos sintomas, o teste rápido verifica os anticorpos do paciente. Por isso, só deve ser aplicado a partir do sétimo dia após o início dos sintomas da doença. Os resultados ficam prontos entre 15 e 30 minutos. Somando testes rápidos e de biologia molecular (RT-PCR), o ministério distribuirá cerca de 23 milhões de testes para diagnosticar a Covid-19.
O Ministério da Saúde também expôs o resultado da investigação de 136 óbitos. Como já exposto pelo Correio, a maioria das vítimas da Covid-19 no Brasil são homens. Além disso, 90% dos óbitos são de pacientes acima de 60 anos.
No último domingo (29), o estado de São Paulo registrou oficialmente a morte de dois jovens pelo novo coronavírus pela primeira vez: dois homens, de 26 e 33 anos. Até ontem, o histórico de ambos ainda estava em investigação para saber se possuíam alguma comorbidade.
No Brasil, 14 estados e o Distrito Federal registraram mortes em decorrência da Covid-19. São eles: São Paulo (113), Rio de Janeiro (18), Pernambuco (6), Ceará (5), Paraná (3), Rio Grande do Sul (3), Piauí (3), Amazonas (1), Bahia (1), DF (1), Goiás (1), Maranhão (1), Minas Gerais (1), Rio Grande do Norte (1) e Santa Catarina (1).
A região Sudeste segue sendo a que tem mais casos confirmados, com 2.507 pacientes diagnosticados. Em seguida, está o Nordeste, com 790 casos; o Sul, com 593; o Centro-Oeste, com 435; e o Norte, com 254.
O ministério também levantou que, das 16.879 hospitalizações de pacientes com síndrome respiratória aguda grave (SRAG) registradas desde o início de 2020, 757 são casos confirmados de Covid-19. A pasta informou que o número de internações por SRAG cresceu 118% em relação ao mesmo período do ano passado. “Isso pode ser explicado pela maior atenção e maior sensibilidade do sistema na identificação e notificação desses casos”, explicou o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira.