Manifestantes aproveitam protestos para colher assinaturas

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Foto: Alice Cravo

Apesar da recomendação para evitar aglomerações por conta do coronavírus, grupos de apoiadores do governo se reuniram na manhã deste domingo na praia de Copacabana, na Zona Sul do Rio, e em Brasília, para os atos convocados contra o Congresso. Após chamar a população para as ruas e criar uma tensão com os Poderes, o presidente Jair Bolsonaro recomendou na última quinta-feira que a população ficasse em casa.

Tanto no Rio quanto em Brasília, foram montados postos para coleta de assinatura para a criação do Aliança pelo Brasil, sigla que Bolsonaro tenta viabilizar após a saída do PSL, foram montados na orla. Em Brasília, também há pessoas circulando com a ficha de inscrição pedindo para os manifestantes assinarem. A colheita de assinaturas para o Aliança vem enfrentando problemas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que já informou ter detectado problemas como o apoio de pessoas mortas.

Para ter o registro aprovado no TSE, o Aliança precisa coletar a assinatura de cerca de 500 mil eleitores. O partido já apresentou mais de 80 mil fichas assinadas ao TSE, que rejeitou 13 mil por suspeitas de irregularidades.

No posto 4 de Copacabana, o carro do Movimento Limpa Brasil pediu a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a saída dos presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre. Após a tensão gerada por convocar os atos, Bolsonaro afirmou que a manifestação não era contra o Congresso.

As polícias militares do Rio e do Distrito Federal não divulgaram a estimativa de público.

“Nós estamos contra as instituições, estamos contra esses safados, bandidos, que estão sabotando o Brasil”, falaram apoiadores no carro de som, após citar Maia e Alcolumbre.

Eles ainda questionaram a existência do coronavírus falando que era “estranho” porque as pessoas não estavam usando máscara e não havia álcool em gel entre os apoiadores.

“Temos mais medo de políticos corruptos do que de coronavírus. Coronavírus é um resfriado, eles são uma praga. Rodrigo Maia deve satisfação ao povo brasileiro. As pessoas foram para o Lollapalooza, jogo do Flamengo, não vejo problema de estarem aqui. Querem impedir o direito da sociedade de se manifestar”, disse um dos apoiadores.

Apesar de comporem o grupo de risco da nova doença, idosos são predominantes entre os presentes no ato.

Motociclistas passaram em fila no meio do público gritando “Fora Maia” e levantando a bandeira do Brasil. Apoiadores do presidente foram ao ato com máscaras customizadas. Uma delas, popular entre os manifestantes, dizia “canalha vírus”. Outras foram pintadas com a bandeira do Brasil.

Na manifestação em Brasília, que teve início por volta das 9h, apoiadores do presidente espalharam faixas na frente do Congresso Nacional com críticas aos parlamentares e ao Supremo Tribunal Federal (STF), além de palavras de apoio a Bolsonaro.

Um carro de som também foi levado ao local. Segundo os organizadores, a Polícia Militar do Distrito Federal autorizou o uso do equipamento de som. Muitas pessoas compareceram no ato em Brasília com máscaras de proteção.

O presidente recomendou na quinta-feira o adiamento das manifestações marcadas para evitar a contaminação pelo novo coronavírus. Bolsonaro disse na ocasião que “já foi dado um tremendo recado para o Parlamento”, mesmo tendo dito, anteriormente, que o protesto não seria contra o Congresso.

A fala de Bolsonaro foi feita durante transmissão ao vivo em suas redes sociais, ao lado do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Os dois usavam máscaras, assim como a intérprete de libras do presidente.

— O que nós devemos fazer agora é evitar que haja uma explosão de pessoas infectadas. Porque os hospitais não dariam vazão. O sistema não suporta. Daí, problemas acontecem. Pessoal fica apavorado — disse Bolsonaro.

O Globo