Oposição divide em 3 seus atos contra Bolsonaro
Foto: Ana Carla Bermúdez/UOL
Enquanto os apoiadores do governo Bolsonaro apostam todas as fichas na manifestação de 15 de março, a oposição vai dividir os atos contra o governo em diferentes protestos ao longo do mês, hoje (Dia Internacional da Mulher), 14 (dois anos da morte de Marielle Franco) e 18 (greve nacional da Educação e ato em defesa da democracia). Organizadores dos protestos da oposição, contudo, não acreditam que as três datas causarão dispersão. Pelo contrário, apostam que a sequência de eventos dará impulso às manifestações contra o governo.
“Eu creio que pode ter um acúmulo e um ato beneficiar o outro”, disse o novo presidente da UNE, Iago Montalvão, 26, estudante de Economia da USP.
“O dia 18 quer somar tudo. Será um acúmulo de forças”, afirmou. O protesto do dia 18, explica o presidente da UNE, nasceu da greve dos professores do ensino básico e superior, a qual se juntaram os estudantes com a pauta Fora Weintraub.
Com o apoio de Bolsonaro ao ato de 15 de março, agendado por seus apoiadores contra o Congresso e o STF, a pauta do 18 de março ganhou amplitude e incluirá também a defesa da democracia: passou a se chamar “Grande Ato pela Educação e a Democracia”.
“Se o 8M (manifestação da oposição no Dia Internacional da Mulher) for com bastante força, potencializa para os dias 14 e 18”, acredita Paula Kaufmann, do Coletivo Juntas, uma das organizadoras do 8M.
Em São Paulo, a concentração será hoje, às 14 horas, na avenida Paulista, em frente ao Parque Mario Covas (na esquina da avenida Paulista com a alameda Ministro Rocha Azevedo).
“Os movimentos têm em comum a resistência ao autoritarismo e a defesa da Justiça e da democracia, mas são pautas diferentes”, afirma Luana Alves, 26, do Emancipa e do Coletivo Juntas, duas das 18 organizações envolvidas com o ato “Quem Mandou Matar Marielle? 2 anos de Luto e Luta por Justiça”.
Em São Paulo, a concentração do evento será na praça do Ciclista (avenida Paulista com a rua da Consolação).
O ato será realizado exatamente no dia 14 de março, data em que os assassinatos da vereadora e do motorista Anderson Gomes completa dois anos. Até agora não houve a identificação dos mandantes do crime e nenhuma condenação judicial.
Montalvão acredita que, assim como os atos do Tsunami pela Educação, em 2019, contra os cortes na Educação, o ato de 18 de março trará novamente o estudante que não é militante de nenhuma instituição estudantil, mas que quer participar.
“As instituições democráticas devem ser respeitadas. Não é defesa de partido A ou B ou de um político”, disse.
Para o ato de hoje, o Coletivo Juntas espera mobilizar o maior protesto ligado à data desde o de 2017, contra a retirada de direitos e contra o governo Temer.
“Foi um ano com muita força e esperamos que se repita.” A previsão é que o 8M realize 50 atos pelo país. “O sentimento representado pelo #elenao [movimento suprapartidário liderado por mulheres contra a candidatura de Bolsonaro em 2018] persiste”, diz Paula.
Para Luana, apesar de a pauta do evento lembrando Marielle ter como mote principal a luta por Justiça, o tom político será inevitável “até por conta da convocação do governo para o 15 de março”, diz a organizadora do ato em São Paulo. Pautas convergentes
As pautas dos três movimentos de oposição se entrelaçam em diferentes pontos.
O ato do dia 14 lembrando Marielle e lutando por Justiça também envolve a educação. As 30 aulas inaugurais da rede do cursinho Emancipa (cursinhos pré-vestibulares populares e gratuitos) terão como tema “Justiça por Marielle e poder para as periferias”, no sábado (14), pela manhã.
Além disso, as organizações envolvidas mais diretamente com alguns dos protestos também participarão dos outros. A UNE, por exemplo, estará presente nos atos de hoje e de 14 de março.
Redação com UOL