Patrões fazem terrorismo sobre desemprego

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Foto: AFP

Dias antes da publicação, no domingo (22), da Medida Provisória que vai mudar as relações trabalhistas no estado de calamidade, cresceu a tensão de trabalhadores com receio de perder suas vagas. Falas de empresários e altos executivos sobre o home office e o efeito do coronavírus na economia pioraram o clima. Um dos que se manifestou publicamente sugerindo que os funcionários deveriam ter medo de perder o emprego foi Alexandre Guerra, sócio dos restaurantes Giraffas.

“Você que é funcionário, que talvez esteja em casa numa boa, numa tranquilidade, curtindo um pouco esse home office, esse descanso forçado, você já seu deu conta que, ao invés de estar com medo de pegar esse vírus, você deveria também estar com medo de perder o emprego?”, disse Guerra em vídeo divulgado nas redes sociais.

Procurado pela coluna, o empresário afirma que, no vídeo, ele não se referia ao Giraffas e que não é o único sócio da rede.

Guerra, que foi candidato ao governo do Distrito Federal pelo Partido Novo em 2018, afirma que sua fala foi feita em nome de uma rede de pequenos empreendedores da qual faz parte. Segundo ele, o Giraffas vai atravessar a crise tranquilamente e as vagas estão seguras.

Entre funcionários do Santander, reverberou durante o fim de semana uma declaração feita pelo presidente do banco, Sergio Rial. Na sexta-feira (20), o executivo falou em deserção para se referir a quem quis trocar o trabalho presencial pelo home office na crise do coronavírus.

Procurado pela coluna, o Santander disse que tem tomado ações para mitigar o impacto da pandemia, como antecipação de 13º. “Dentro desse contexto, discutiu-se o cuidado necessário que cada um deve ter com absenteísmo, dadas as diferentes e compreensíveis reações humanas”, afirmou em nota.

Luciano Hang, dono da Havan, postou nas redes sociais um vídeo com o alerta: “Se perder o emprego, pode demorar de cinco a dez anos para conseguir um novo. Para mim, Luciano, é muito simples”, afirma ele.

O empresário diz que, apesar da crise, ele teria dinheiro para ir para a praia. Mas teria de mandar 22 mil colaborad​ores embora. “Um emprego no comércio são cinco empregos para trás. Ou seja, se eu tenho 20 mil colaboradores hoje, eu tenho 120 mil pessoas dependendo da Havan”, afirma o empresário.

Folha