Paulistanos ignoraram conversa de Bolsonaro
Foto: Edilson Dantas / Edilson Dantas
Ao contrário do presidente Jair Bolsonaro, que em pronunciamento oficial na noite desta terça-feira voltou a considerar o novo coronavírus uma “gripezinha”, o paulistano preferiu não se arriscar e decidiu se manter em isolamento nesta manhã. Em vários pontos da cidade, o comércio permanece fechado, o trânsito é praticamente zero na cidade e o cenário é o mesmo dos últimos dias: praticamente ninguém perambulando pelas ruas.
O discurso em que o presidente criticou o fechamento de escolas e o que chamou de “confinamento em massa” não mudou o cenário que se vê na capital paulista. As avenidas Paulista e Faria Lima, conhecidas pelo grande movimento, calçadas abarrotadas e forte comércio, continuam vazias.
Perto das 7h, apenas uma banca de jornais na região da Faria Lima estava aberta, embora vazia. O dono disse que abriu todos os dias, mas que preferia não falar sobre o assunto.
O motorista de aplicativo Wellington Rodrigues, que em uma hora e meia havia conseguido apenas um cliente, afirmou que o movimento “está cada vez pior”.
– A classe média consegue ficar em casa. O pobre, não. Só não fico em casa porque tenho que pagar as contas, mas está complicado. Estou rodando desde as 5h30 e só peguei uma corrida. A essa hora, antes, eu já tinha feito seis, sete – disse ele.
A recepcionista Marilize Bernardino foi outra a não ter opção senão sair trabalhar. Ela afirmou ter visto o pronunciamento de Bolsonaro na TV, mas que não concorda com a posição do presidente. Ela diz considerar corretas as atitudes de prefeitos e governadores pedindo para as pessoas ficarem em casa.
– Não é nem pela gente, né? Mas pelos idosos. Eu acho que ele (Bolsonaro) fez um discurso para ser irônico e alfinetar os outros. Até (o presidente americano, Donald) o Trump, que é o ídolo dele, parece estar mais consciente dos riscos – declarou.
Embora as ruas permaneçam quase vazias, a movimentação permanece nos pontos de ônibus. Pessoas que geralmente pegam o transporte público cheio relatam facilidade para encontrar cadeiras vazias.
O centro da cidade também amanheceu seguindo a determinação do governo do estado. Desde terça-feira todo e qualquer comércio não essencial deve permanecer fechado. A quarentetena, inicialmente, vai durar por duas semanas. Até lá, inclusive escolas vão pemanecer sem aulas.
Outra via normalmente movimentada da cidade, a Rua da Consolação também acordou quase sem trânsito de veículos. Por lá, o maior vai e vem era registrado na Estação Higienópolis de metrô, com entrada e saída de trabalhadores.
O GLOBO também percorreu a região de forte comércio no centro de São Paulo. Normalmente cheia de ambulantes, a região do Viaduto do Chá também destoava da cena comum naquelas redondezas, onde sequer estacionamentos abriram suas portas.