Santos Cruz diz que Bolsonaro ouve ‘vagabundos virtuais’

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Foto: Jorge William / Agência O Globo

Ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência, o general da reserva Carlos Alberto dos Santos Cruz, que encontra-se recolhido em uma chácara, não acredita em sinais de insatisfação nos quartéis pelas atitudes mais recentes do presidente Jair Bolsonaro, mas teme que a situação se agrave se o chefe da nação continuar dando ouvidos ao que chamou de “vagabundos virtuais”. Santos Cruz está convicto de que a área militar do Palácio do Planalto, incluindo a Gabinete de Segurança Institucional (GSI), pela doutrina, alertou o presidente para os riscos deste tipo de atitude. “O problema é que a população acaba achando que o governo inteiro pensa como esses vagabundos virtuais, que são poucos”, alertou, em entrevista ao GLOBO.

Como o senhor está vendo a forma com que o governo federal enfrenta a pandemia?

Para enfrentar esse tipo de crise, o país precisa se unir desde o início, acima de ideologias, interesses políticos ou pessoais. A liderança cabe ao governo. No caso da pandemia, a direção é dada pelo Ministério da Saúde e pelo presidente da República, que é a autoridade máxima da nação. O discurso precisa estar bem ajustado para transmitir segurança.

O discurso, neste caso, está bem ajustado?

Está havendo muita interferência, um volume de acusações e xingamentos nas redes sociais que só atrapalha. O governo pode acertar ou errar, mas tem de ser muito clara a orientação. Precisa transmitir tranquilidade. Mas existem grupos radicais, baixarias virtuais, que afetam demais. Que cada um cumpra o seu papel. Não é só a crise o problema. É mais amplo. Os radicais não são um grupo tão grande, mas vivem disso. É uma questão emocional. Essas pessoas precisam de terapia. Não têm o mínimo de bom senso. Isso atrapalha muito o governo. É acusação para todos os lados. Parece até véspera de eleições. Não dou bola para vagabundo virtual. O problema é que a população acaba achando que o governo inteiro pensa como esses vagabundos virtuais. A população acha que todo mundo é baixo nível. Vagabundo virtual é “atrapalhação”.

O Globo