Todos os secretários de Saúde do país criticam Bolsonaro
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O Conselho Nacional dos Secretários da Saúde (Conass) afirmou, em carta divulgada nas redes sociais, que o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro sobre o novo coronavírus em cadeia aberta de rádio e televisão é uma “tentativa de desmobilizar a sociedade brasileira, as autoridades sanitárias de todo o país” e que a declaração “dificulta o trabalho de todos, inclusive de seu ministro [da Saúde, Luiz Henrique Mandetta] e técnicos”.
O conselho, formado por secretários estaduais de Saúde, se disse “estarrecido” com o discurso do presidente.
“Ao invés de desfazer todo o esforço e sacrifício que temos feito junto com o povo brasileiro, negando todas as recomendações tecnicamente embasadas e defendidas, inclusive, pelo seu Ministério da Saúde, deveríamos ver o Presidente da República liderando a luta, contribuindo para este esforço e conduzindo a nação para onde se espera de seu principal governante: um lugar seguro para se viver, com saúde e bem estar”, diz um trecho da carta.
Em pouco mais de quatro minutos, Bolsonaro criticou, nesta terça-feira 24, a imprensa, repreendeu governadores e falou novamente em “histeria” e “resfriadinho”. “O vírus chegou, está sendo enfrentado por nós e brevemente passará”, afirmou. O presidente também pediu o fim do “confinamento em massa” e a reabertura das escolas. “Algumas poucas autoridades estaduais e municipais devem abandonar o conceito de terra arrasada, a proibição de transportes, o fechamento de comércio e o confinamento em massa. O que se passa no mundo tem mostrado que o grupo de risco é o das pessoas acima dos 60 anos. Então, por que fechar escolas?”
O pronunciamento teve uma repercussão negativa entre parlamentares. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), afirmou, em nota, que “neste momento grave, o país precisa de uma liderança séria, responsável e comprometida com a vida e a saúde da sua população”. “Consideramos grave a posição externada pelo presidente da República hoje, em cadeia nacional, de ataque às medidas de contenção ao Covid-19. Posição que está na contramão das ações adotadas em outros países e sugeridas pela própria Organização Mundial da Saúde (OMS)”, complementou.