“Uberização” pós golpe vai agravar crise da pandemia

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Foto: Reprodução

As mudanças estruturais na forma de ocupação nos últimos anos, traduzidas na figura do empreendedorismo do pequeno comércio ou do motorista de aplicativo, vão acentuar a gravidade da crise sem precedentes que o Brasil enfrentará. A avaliação é do presidente do banco Fator, Gabriel Galípolo, para quem “não adianta mais estatizar o passivo de bancos e empresas”. Segundo o executivo, um dos caminhos possíveis é mesmo “estatizar a renda mensal das pessoas”.

O empreendedor ou o autônomo, que proliferou no Brasil, não tem receita e renda se fica doente ou tira férias, afirma Galípolo.

O executivo compara como seria se a crise atual tivesse ocorrido no passado. “As empresas pediriam socorro aos bancos para ter fôlego e pagar seus funcionários no período de queda de receita. Os bancos, se precisassem, poderiam se socorrer no Banco Central e no governo em uma situação extrema. Hoje não basta. Uma parcela significativa da economia não será irrigada por esse canal”, diz.

“Faz vários anos que poderíamos estar indignados pelas pessoas morrendo em fila de hospital e sem saneamento. Mas foi preciso uma doença que não tem localização geográfica, que não afeta só a periferia, que é contagiosa pelo ar, para nos indignarmos a ponto de dizer: esquece teto, lei de responsabilidade fiscal e vamos fazer o que importa, que é transferir recurso a quem precisa no momento”, afirma Galípolo.

Ele pondera a eficácia da queda do juro. “Não estou dizendo que não tem de reduzir. Tem. Muito e rápido. Só não vai resolver. O problema é renda.”

“Mover a taxa de juros para baixo visando remediar esse problema ajuda tanto quanto mascar chiclete no seu desempenho em uma prova de matemática”

Folha