Vítima da PM, Paraísópolis não tem projetos sociais
Foto: Marcelo Chello / CJPress / Agência O Globo
Passados cem dias da ação policial que deixou nove mortos em um baile funk em Paraisópolis, na Zona Sul de São Paulo, moradores e líderes comunitários reclamam de demora na entrega de melhorias prometidas para a região. Em dezembro, representantes da prefeitura e do governo de São Paulo se comprometeram a tirar da gaveta medidas e projetos que demandariam investimentos na ordem de R$ 250 milhões.
Logo após a tragédia, 31 policiais militares foram afastados. Relatório da Corregedoria da polícia concluiu que as mortes decorreram da ação, mas diz que eles agiram em legítima defesa. Por isso, a Corregedoria pede que os PMs não sejam punidos.
Os dois projetos mais esperados pelos moradores, a construção do Parque Paraisópolis e a canalização do Córrego do Antonico, ainda não saíram do papel. O parque — 68,1 mil metros quadrados de área verde— teve a licitação homologada em 22 de fevereiro, e sua entrega foi prometida para setembro deste ano.
A outra obra tida como prioritária na região é a canalização do Córrego do Antonico, que atravessa o bairro e, no período de chuvas, transborda e alaga casas. Orçado em R$ 200 milhões, ele deve ser licitado em breve. A prefeitura prevê o início das obras para maio.
— O córrego fica alagado constantemente. Toda vez que chove, a gente fica preocupado com a perda de pertences dos moradores e até da própria vida deles — diz Gilson Rodrigues, presidente da União de Moradores de Paraisópolis.— Queremos algo que melhore a qualidade de vida da população, que transforme a comunidade. Tudo que tem acontecido de ruim aqui é fruto do abandono e do descaso. Não é só de agora — completa Rodrigues.
A prefeitura listou ao GLOBO 23 ações e projetos em processo de execução, como a abertura de três creches e uma pré-escola, a implantação de um centro de atenção psicossocial para tratamento de dependentes de drogas e um programa voltado à autonomia financeira de mulheres vítimas de violência doméstica.
O governo paulista também enumerou algumas ações com previsão de conclusão neste ano. Entre elas, construção de quadras de esporte e pistas de skate, reformas de quatro escolas estaduais, oficinas de cultura e a criação de uma linha de crédito para a comunidade.