Agora é oficial: número de mortes é maior que anunciado
Foto: BRUNO KELLY
O Brasil atingiu 2.000 mortes causadas pela covid-19 quatro dias antes da contagem oficial do Ministério da Saúde. Segundo a pasta, o marco foi atingido no último dia 17 de março. Contudo, dados do próprio ministério divulgados ontem mostram que 2.089 pessoas haviam morrido até 13 de abril.
A discrepância é causada por atrasos no processamento de exames de pacientes, o que leva a uma defasagem de até duas semanas para que as mortes entrem na estatística oficial.
Na atualização feita ontem pelo ministério, entre os 407 óbitos confirmados havia um de quase um mês atrás, datado de 21 de março. O ministério informou que das 407 mortes reportadas ontem — o maior número registrado no período desde o início da pandemia — 112 ocorreram nos últimos três dias e os demais 295, foram antes desse período.
Com a atualização retroativa de mortes por data de óbito, o número atualizado chega a ser o dobro do dado oficial. Em 5 de abril, por exemplo, quando 1.025 pessoas já haviam morrido, o número oficial ainda contabilizava 488 mortes.
A pasta explicou que há atraso na contabilização das mortes e diz que o motivo está na demora no processamento dos exames para covid-19. O ministério recebe a notificação das mortes pelos estados e municípios após a confirmação dos testes de laboratório, que podem ficar prontos dias após a morte dos pacientes com suspeita de contaminação pelo novo coronavírus.
Devido a este atraso, a pasta agora, além de divulgar o número de mortos notificados por dia, também informa a data na qual os óbitos ocorreram.
De acordo com um estudo feito pelo Observatório Covid-19 BR a pedido do UOL, o Brasil já pode ter até nove vezes o número de mortes divulgado oficialmente. Devido a essa demora na inserção das mortes nas estatísticas oficiais, o país já poderia ter entre 3.800 e 15.600 mortes.
A diferença entre dados reais e oficiais pode impactar diretamente na percepção da população acerca da pandemia, dizem especialistas. Números subnotificados podem causar a falsa sensação de controle da doença e influenciar nas medidas de mitigação, como o isolamento social nas cidades.