Bolsonaro acusa OMS de “incentivar homossexualidade” em crianças

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Sem citar fontes, Bolsonaro então detalha supostas recomendações da OMS para crianças de 0 a 4 anos: “Satisfação e prazer ao tocar o próprio corpo (masturbação); expressar suas necessidades e desejos por exemplo, no contexto de ‘brincar de médico’; as crianças têm sentimento sexuais mesmo na primeira infância”, descreve o texto.

Depois, para crianças entre 4 a 6 anos: “Uma identidade de gênero positiva; gozo e prazer ao tocar o próprio corpo, masturbação na primeira infância; relações entre pessoas do mesmo sexo”. E, por fim, Bolsonaro cita orientações para jovens entre 9 e 12 anos: “Primeira experiência sexual”.

O assessor especial da presidência da República Arthur Weintraub, irmão de Abraham Weintraub, compartilhou conteúdo semelhante mais cedo, através de seu perfil no Twitter. “OMS com diretrizes recomendando que crianças de 0 a 4 anos sejam ensinadas sobre ‘masturbação’, ‘prazer e diversão’, ‘tocar o corpo’ e ‘ideologia de gênero’. Isso é correto?”, questionou.

Discurso distorcido

O guia citado por Bolsonaro realmente existe e foi publicado em 2010 pelo Centro Federal de Educação em Saúde da Alemanha, em conjunto com o escritório europeu da OMS. O texto, porém, não é dirigido às crianças, e sim aos pais, com o objetivo de ajudá-los na educação de seus filhos.

Segundo a OMS, crianças de 2 e 3 anos são curiosas em relação aos seus próprios corpos. Elas começam a perceber que são diferentes de outras crianças e dos adultos e a ter noção do que é ser menino ou menina. Por isso, é mais ou menos nesta fase que também desenvolvem sua identidade de gênero.

Como estão mais interessadas em descobrir seus próprios corpos, é comum que as crianças toquem seus órgãos sexuais e queiram mostrá-los a outras crianças e adultos. Mas o guia da OMS não diz aos pais que incentivem os filhos a fazer isso, e sim que conversem com eles sobre essa fase e lhes digam que isso é normal

UOL