Caixa está debitando dívidas dos R$ 600

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Reprodução/RCS

Clientes da Caixa Econômica Federal relataram falhas nesta quinta-feira (9), após o início do pagamento do auxílio emergencial de R$ 600. Segundo as queixas, dívidas estão sendo descontadas de débitos já existentes em contas do banco quando a grana é paga. Além disso, houve quem reclamasse do não pagamento dos valores.

Segundo a Caixa, não haverá débitos de tarifas ou parcelas de dívidas sobre o dinheiro do auxílio, conforme acordo firmado entre bancos de todo o país na terça-feira (7). A grana começou a ser paga para 2,5 milhões de pessoas que têm poupança na Caixa, são correntistas do Banco do Brasil, estão no CadÚnico e não recebem Bolsa Família.

O pintor Paulo Roberto Dias Viana, 39 anos, diz que tem financiamento habitacional pela Caixa e que solicitou a suspensão das parcelas, o que foi confirmado pelo banco no final de março.

No entanto, ao checar o crédito de R$ 600 na sua conta, viu que o valor da prestação que havia sido suspensa foi descontado do auxílio emergencial, conforme extrato enviado à reportagem. Ele diz que tem conta-poupança e que a prestação era quitada por débito em conta.

“Primeiro fiquei com saldo negativo por causa dessa cobrança, e com o crédito, estou com apenas R$ 12 na conta. Não atendem a minha reclamação em nenhum canal. Fui até a agência e falaram que eu precisaria resolver na Ouvidoria, mas não me atendem”, queixa-se.

No Twitter, as reclamações seguem na mesma linha. Clientes da Caixa que receberam o crédito de R$ 600 do auxílio emergencial apontam que outras cobranças em aberto estão sendo debitadas do valor.

“Não havia um decreto que os bancos não podiam descontar do auxílio emergencial? A Caixa descontou do meu auxílio o empréstimo que pago”, diz André Benvindo, referindo-se ao acordo entre os bancos.

Procurada, a Caixa diz que não foram verificadas, em seus sistemas, reclamações referentes a descontos do auxílio emergencial de R$ 600 e que eventuais problemas devem ser enviados por meio do SAC, pelo número 0800 726 0101.

“Não incidirão sobre o crédito do auxílio emergencial débito de tarifas ou parcelas de dívidas financeiras, amortização de saldo em aberto ou qualquer outro débito, permitindo que o beneficiário tenha a disponibilidade integral dos valores recebidos. Lançamentos provisionados de prestações pendentes não serão debitados do auxílio emergencial”, diz nota do banco.

De acordo com o anúncio do governo, o auxílio, que será pago em três parcelas de R$ 600 —ou de R$ 1.200 para mães responsáveis pelo sustento do lar—, deverá ser integral até mesmo nos casos em que a conta estiver com saldo negativo devido ao uso do limite do cheque especial ou do cartão de crédito, por exemplo.

“Não vai haver débito desse dinheiro de quem for usar o auxílio emergencial”, disse o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni . “Esse recurso, quando for transferido do banco oficial para qualquer banco do sistema privado brasileiro, se existirem débitos anteriores, esse valor ficará protegido, ele não paga contas antigas”, detalhou.

A Febraban confirmou o acordo para preservar o valor integral do auxílio e explicou que as instituições financeiras colocarão esses valores em uma conta separada da conta principal do beneficiário, mas vinculada a ela.

Com essa medida, a federação afirma que os recursos poderão ser movimentados usando os mesmos cartão e senha da conta principal, sem que haja risco de que sejam realizados débitos indevidos sobre o valor do auxílio emergencial.

A transferência das parcelas do auxílio para contas de bancos privados também não será cobrada.

Quem não quiser receber o benefício em sua conta poderá optar pela abertura de uma conta digital social da Caixa Econômica, que também não terá a cobrança de tarifas

A revisora autônoma Luciana Mendonça, 41 anos, diz que fez o cadastro para receber o auxílio emergencial na última terça (7), mas que o sistema segue apontando que o pedido está em análise.

“O aplicativo não está funcionando, então o único jeito seria ir até o banco para ver o saldo, mas estou em isolamento. O cadastro foi concluído, consegui enviar meus dados, só que estes dados vão para análise. Desde então, estou sem resposta se receberei ou não o benefício.”

A mecânica automotiva Andreia Oliveira, de 24 anos, tem conta na Caixa e também reclama da falha no aplicativo.

“Passei o dia todo tentando verificar o saldo, mas nem logar com meus dados consigo. Fiquei sem nenhuma informação se o dinheiro caiu na conta, já que no site e no aplicativo do auxílio costa apenas que meu pedido está em análise. Não posso sair do isolamento para ver o meu saldo em uma agência, o próprio banco disse para gente não fazer isso por conta das aglomerações. Vou ter que esperar até o aplicativo finalmente funcionar”, reclamou ela.

Questionado pela reportagem sobre as reclamações das falhas, a Caixa disse que, nos dois últimos dias, houve um volume de acessos recorde, muito superior ao regular, ultrapassando mais de 27 milhões de transações.

Segundo o banco, o cenário atípico concentrou o número de acessos e criou inconstâncias pontuas na plataforma. A Caixa disse que está buscando soluções na infraestrutura para continuar garantindo o atendimento dos clientes.

Agora