Chefe da PF paulista relata horror de ter coronavírus

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Foto: Reprodução

O chefe da Polícia Federal de São Paulo, Lindinalvo Alexandrino de Almeida Filho, 60, voltou ao trabalho nesta quarta-feira (22). Agora curado, ele ficou 16 dias internados com coronavírus e perdeu 6 kg. “É uma doença pavorosa, que te suga. Quase fui parar do outro lado”, afirma Filho.

Além dele, toda a cúpula da PF no estado —outros três delegados e a corregedora— foi infectada. Segundo Filho, os exames dos cinco mostram que tiveram o vírus, criaram anticorpos e não transmitem mais.

“Comecei um resfriado, depois no terceiro dia, perdi paladar e olfato, iniciou uma tosse pavorosa, não conseguia falar. Era tosse profunda. Perdi o apetite e aí veio uma febre. Persistiu por dois dias e calafrios. Fiquei dois dias em casa, sem comer, a respiração ficou curta e ofegante. Depois de dois dias, tentei comer uma sopa, para o organismo resistir. Na primeira colherada, eu vomitei a uma colher e vomitei o que não tinha no estômago”, disse ao Painel.

“Vi que tava muito ruim, procurei um hospital [não quis mencionar o nome]. Cheguei desfalecido. Fui levado por um colega, porque eu não conseguia mais me locomover. Cheguei lá e fizeram exame de covid-19, que deu positivo, e a tomografia, deu pneumonia e, nos dois pulmões, o que eles chamam de vidro fosco. O médico me relatou que eu cheguei nos 45 do segundo tempo.”

“Ele me disse que se eu tivesse ido de manhã, teria que ser intubado. Ele me mandou pra o semi-intensivo. Tomei uma medicação bastante pesada por 13 dias, inclusive injeções na barriga, que são anticoagulantes, para não dar embolia pulmonar. Tomei antibiótico e tudo o mais”, afirmou. Filho não quis mencionar nenhum dos medicamentos que tomou.

“Em 13 dias, eu perdi 6kg. Fiquei ao todo 16 dias internado, os três últimos eu voltei a me alimentar. A doença te suga de um jeito que você não imagina. Recebi alta, fiquei mais cinco dias em casa. Saí do hospital extremamente tonto. Na data de hoje, antes de vir trabalhar, eu fiz os dois exames, ambos revelaram que eu não tenho Covid-19, que criei anticorpos e não transmito mais para ninguém.”

“Todos os integrantes da cúpula da superintendência também foram contaminados, na mesma época. É bobagem querer tentar adivinhar como foi, com quem foi, não dá para saber”, disse. Dias antes de ficar doente, houve um encontro com os médicos Roberto Kalil Filho e David Uip. Todos pegaram coronavírus.

“Eu peguei uma carona no barco de Hades, cujo barqueiro, na mitologia grega, é o Caronte, que transporta as almas, do mundo dos vivos para o mundo dos mortos. Só que para atravessar, você tem de pagar duas moedas, e eu estava no momento sem as moedas, e aí não paguei o barqueiro. Ele vendo que eu não tinha [as moedas], me fez descer do barco. Essa é a brincadeira que tenho contato pros meus amigos, para dizer o que ocorreu comigo.”

Folha