Com Bolsonaro, dólar encosta em R$ 5,30

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Foto: Alexandre Severo/JC Imagem/VEJA

O dólar retomou viés de alta nesta segunda-feira, 20. Às 11h35, a moeda americana estava cotada a 5,299 reais, uma alta de 1,21% em relação à abertura do pregão. Mas, pouco depois, a alta se arrefeceu. Às 12h25, o dólar estava cotado a 5,291 reais, avanço de 1,06%. Com o cenário de aversão ao risco despontando, principalmente para países emergentes, o dólar tem escalado frente às outras moedas. Embora seja um movimento global, o Brasil é onde há a maior depreciação cambial neste ano. Desde janeiro, a desvalorização do real em relação à moeda americana é de 32%.

A queda do barril de petróleo do tipo WTI, que é produzido no Texas, tem sido um dos fatores determinantes para a escalada desta segunda-feira. Com a queda da demanda e o excesso de estoque, o preço do barril da commodity gira em torno de 12 dólares neste momento, embora a maior parte desse tombo seja devido à expiração dos negócios dos contratos para maio na terça-feira, 21.

Pode-se dizer, entretanto, que as maiores pressões sobre o câmbio advêm do cenário doméstico. No Brasil, com o avanço da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), o mercado financeiro está precificando que a economia brasileira se deteriore ainda mais do que já estava previsto. A expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2020 passou de uma queda de 1,96% para recuo de 2,96%, segundo o Relatório de Mercado Focus, divulgado nesta segunda-feira pelo Banco Central. Há quatro semanas, a estimativa era de crescimento de 1,48%.

Em relação à taxa de juros, a Selic, os economistas do mercado financeiro alteraram suas projeções de 3,25% para 3% ao fim deste ano. Há um mês, estava em 3,75%. Com isso, houve disparada na probabilidade de corte da Selic já na próxima reunião do Banco Central. “O aumento da probabilidade para cortes de juros passou de 68% para 90% de sexta para hoje. Isso é o principal fator que puxa o dólar para cima. Vale lembrar, no entanto, que o movimento de valorização hoje é global e não impacta somente o Brasil”, diz Pablo Spyer, diretor de operações da corretora Mirae Asset.

Ademais, a tensão crescente na política doméstica também exerce pressão significativa sobre o mercado. Recentes desentendimentos do “Centrão” com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) impulsionam a aversão ao risco no mercado financeiro. Diante disso tudo, o Banco Central (BC) decidiu se mover para conter a desvalorização do real. Nesta segunda-feira, a instituição financeira retoma os leilões de swap cambial tradicional. Nesta sessão, serão aceitos até 10.000 contratos com o vencimento para junho de 2020. “O mercado está bastante nervoso e especulativo. O Banco Central está entrando para conter essa especulação do mercado. Não é a demanda por dólar que está fazendo ele subir dessa forma”, afirma Mauriciano Cavalcante, diretor de câmbio da Ourominas.

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