Coronavírus já ocupa 71% dos leitos no Rio
O Rio de Janeiro já tem 71% dos leitos de UTI da rede estadual ocupados por doentes infectados pelo novo coronavírus. Na enfermaria, os pacientes de Covid-19 ocupam 48,5% dos leitos. Os dados são da secretaria estadual de saúde.
A taxa de ocupação dos leitos por esses pacientes apresentou considerável crescimento. Na semana passada, as porcentagens eram de 63%, no caso da UTI, e 41%, na enfermaria. A reportagem solicitou os mesmos dados à secretaria municipal de saúde e ao Ministério da Saúde, responsável pelos hospitais federais do estado, mas não obteve resposta.
Os números da rede estadual sinalizam o que profissionais da saúde apontavam desde a chegada do vírus no Brasil: os leitos disponíveis não devem ser suficientes para todos os doentes.
Último balanço do estado, divulgado no fim da tarde desta segunda (13), indica que 182 pessoas já morreram infectadas pelo vírus e que outras 88 mortes estão em investigação. O Rio tem 3.221 casos confirmados de Covid-19 e é o segundo estado mais afetado pela doença.
Diante da falta de leitos e do avanço da disseminação do vírus, o governo de Wilson Witzel (PSC) anunciou a construção de oito hospitais de campanha para tratar os infectados.
O estado promete abrir 3.414 leitos, sendo 2.000 nos hospitais de campanha, com previsão de entrega ao final de abril. Segundo a secretaria estadual de Saúde, 548 leitos já foram disponibilizados. Enquanto os hospitais não são inaugurados, há apenas 214 leitos disponíveis na UTI e 2.541 na enfermaria na rede estadual.
O déficit de leitos já era um dos maiores problemas na saúde do Rio mesmo antes da pandemia. Segundo a Defensoria Pública da União, o RJ foi o estado que mais perdeu leitos em todo o país nos últimos seis anos, de 27 mil para 21 mil (queda de 22%).
A falta de leitos, no entanto, é apenas um dos entraves no atendimento à população. O estado também precisa lidar com a insuficiência no número de profissionais de saúde, respiradores e EPIs (Equipamentos de Proteção Individual).
Agora pressionado pelo coronavírus, o sistema da saúde no Rio já estava em crise há cerca de cinco anos, nas esferas municipal, estadual e federal.
Na esfera municipal, a carência de profissionais e de insumos é a principal crítica. No âmbito estadual, a situação já está mais controlada, mas ainda há superlotação. Já na rede federal, a União chegou a enviar militares no ano passado para dar um “choque de gestão”.