Especialistas preveem catástrofe em SP sem isolamento

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Foto: Roberto Casimiro/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Se o Estado de São Paulo seguir mantendo índices de isolamento abaixo de 50%, os leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) da região metropolitana da Capital não darão conta da demanda de pacientes com covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus.

Para o professor de medicina social da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, Domingos Alves, o colapso da rede está próximo e não haverá vagas de UTI na região já na próxima semana ou, na melhor das hipóteses, na segunda semana de maio, se não houver mais adesão ao isolamento social.

De acordo com Alves, integrante da iniciativa Covid-19 Brasil, que monitora dados sobre a doença em todo o país, o aumento do número de leitos de UTI em si não resolverá a demanda das pessoas infectadas com a covid-19 por vagas, exceto que seja elaborado um modelo estatístico que preveja a quantidade de pessoas que procurarão o sistema de saúde diariamente.

“Se o isolamento continuar como está, de jeito nenhum a inauguração de leitos resolverá. Já tem gente indo aos hospitais e voltando para casa sem conseguir vaga.”

Ocupação de UTIs chega a 81%
Ontem (28) foi anunciado pelo Governo do Estado de São Paulo que a taxa de ocupação dos leitos de UTI (unidade de terapia intensiva) na rede pública dos 39 municípios da Região Metropolitana da Capital chegou a 81%.

Em São Bernardo, a taxa de ocupação de UTI está em 82%, acima da média da região. O município deverá inaugurar 19 novos leitos de UTI ainda esta semana.

Em entrevista coletiva na segunda, o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Wanderson Oliveira, afirmou que as regiões Sul e Sudeste ainda não atingiram o pico da pandemia. Segundo ele, o período de maior incidência de vírus respiratórios, como é o caso da covid-19, costuma acontece em torno da 20ª semana do ano, portanto, daqui a duas semanas.

Ocupação em UTI aumenta mesmo com mais vagas
Segundo o boletim semanal da covid-19, elaborado pela Secretaria Municipal de Saúde, entre 7 e 23 de abril, a cidade de São Paulo entregou 146 novos leitos de UTI, como os 29 do Hospital da Bela Vista.

Apesar das inaugurações, a taxa de ocupação de UTI continuou a subir. Segundo o boletim diário divulgado na noite desta terça-feira (28), a taxa de ocupação dos leitos de UTI na Capital chegou a 75%. Duas semanas antes, em 13 de abril, a taxa de ocupação nas UTIs era de 56%.

Segundo o texto do boletim semanal, “a atual etapa da pandemia é bastante delicada. O aumento contínuo dos registros de casos graves e da ocupação dos leitos de UTI, enfrentados pela Secretaria com a também contínua ampliação da oferta de leitos, demanda do poder público e da população em geral o compromisso total com as medidas de distanciamento social”.

Isolamento abaixo dos 50% há quatro dias
Nesta terça (28), o índice de isolamento medido pelo Sistema de Monitoramento Inteligente do Governo de São Paulo, atingiu a média de 48% de adesão pelo quarto dia útil seguido.

O sistema monitora o isolamento em 104 cidades acima de 70 mil habitantes e utiliza informações das operadoras de celular. Dos municípios aferidos, apenas São Sebastião e Ubatuba, com 63% e 61% respectivamente, ultrapassaram 60% de isolamento.

Os finais de semana costumam apresentar índices bem mais altos de isolamento, mas o último não foi animador. No sábado, a adesão à medida de restrição no estado foi de apenas 52%. O pior índice num sábado desde que a quarentena entrou em vigor, em 24 de março.

Relaxamento pode ser adiado
O governador João Doria já disse que o relaxamento da quarentena poderá ser adiado se o isolamento seguir abaixo de 50%. E a secretária estadual de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen, responsável pelo monitoramento, disse domingo em entrevista à GloboNews, que o momento é de “muita apreensão”.

Segundo o secretário de Saúde de São Bernardo do Campo, Geraldo Reple Sobrinho, que preside o Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado, “os dados mostram que a situação é preocupante quanto ao isolamento”.

Debate com especialistas realizado pelo UOL chegou à conclusão de que é precoce falar em relaxamento do isolamento.

Uol