Hospital proíbe médicos em reunião com Bolsonaro
Foto: Adriano Machado/Reuters
O hospital Sírio-Libanês vetou a presença de seus médicos em uma reunião realizada nesta quarta-feira (1o.) com o presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto sobre o uso da cloroquina em tratamentos para a covid-19.
A coluna apurou que a ordem veio da cúpula do hospital. A avaliação é que ainda é prematuro ter qualquer conclusão sobre o uso do medicamento no combate ao coronavírus. Como o tema do encontro seria esse, a determinação foi de que nenhum médico do hospital poderia participar do encontro, nem os da unidade de Brasília.
O Sírio-Libanês é um dos mais renomados hospitais do País. Em parceria com o Hospital Albert Einstein e o Hospital do Coração, realiza uma pesquisa sobre a eficiência da hidroxicloroquina no tratamento da covid-19. O estudo científico envolve 1.400 pacientes de 70 hospitais de todo Brasil.
Em entrevista à coluna ontem, o médico Luciano Cesar Pontes de Azevedo, um dos coordenadores da pesquisa e que faz parte do quadro do Sírio, enfatizou que vai demorar “ao menos dois meses” para que se chegue a uma conclusão.
Procurado, o Sírio-Libanês informou que “não pôde enviar representantes para essa reunião”. A Secretaria de Comunicação da Presidência não respondeu o contato da coluna. Integrantes do governo que participaram da reunião com Bolsonaro afirmaram que os médicos compareceram de “forma autônoma”, sem vínculos com instituições de saúde.
Bolsonaro tem defendido reiteradamente o uso da cloroquina como a solução contra a covid-19, quando médicos reafirmam que não há comprovação sobre sua eficácia e que, inclusive, sua utilização pode causar danos.