Inteligência artificial ajuda a prever quem terá quadro grave de Covid-19

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Foto: NIAID/

Uma ferramenta de inteligência artificial previu com precisão quais pacientes recém-infectados pelo coronavírus desenvolveriam doenças respiratórias graves, segundo um novo estudo. O trabalho foi liderado pela Faculdade de Medicina Grossman, da Universidade de Nova York, a NYU, e pelo Instituto Courant de Ciências Matemáticas, também da NYU, em parceria com o Hospital Central de Wenzhou e o Hospital Popular de Cangnan, ambos em Wenzhou, na China.

Em 30 de março, o vírus havia infectado 735.560 pacientes no mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a doença causou mais de 34.800 mortes até o momento, principalmente entre idosos com condições de saúde subjacentes. O Departamento de Saúde do Estado de Nova York registrou mais de 33.700 casos até o momento na cidade de Nova York.

“Embora ainda haja trabalho para validar nosso modelo, ele promete ser outra ferramenta para prever os pacientes mais vulneráveis ​​ao vírus, mas apenas para apoiar a experiência clínica dos médicos no tratamento de infecções virais”, diz a autora do estudo, Megan Coffee, da Divisão de Doenças Infecciosas e Imunologia no Departamento de Medicina da NYU.

Para o estudo, foram coletados dados demográficos, laboratoriais e radiológicos de 53 pacientes, cada um com resultado positivo em janeiro de 2020 para o vírus SARS-CoV2 nos dois hospitais chineses. Os sintomas eram tipicamente leves no início, incluindo tosse, febre e dor de estômago. Em uma minoria de pacientes, no entanto, sintomas graves se desenvolveram em uma semana, incluindo pneumonia.

O objetivo do novo estudo foi determinar se as técnicas de IA poderiam ajudar a prever com precisão quais pacientes com o vírus desenvolveriam a Síndrome da Angústia Respiratória Aguda, ou SDRA, o acúmulo de líquido nos pulmões que pode ser fatal em idosos.

A nova ferramenta descobriu que alterações em três características — níveis da enzima hepática alanina aminotransferase (ALT), mialgia relatada e níveis de hemoglobina — eram preditores mais precisos de doenças graves subsequentes. Juntamente com outros fatores, a equipe relatou ser capaz de prever o risco de SDRA com até 80% de precisão.

Os níveis de ALT — que aumentam drasticamente quando doenças como hepatite danificam o fígado — eram apenas um pouco mais altos em pacientes com Covid-19, dizem os pesquisadores, mas ainda se destacavam na previsão de gravidade. Além disso, dores musculares profundas, sintomas da mialgia, também eram frequentes.

Por fim, níveis mais altos de hemoglobina, a proteína que contém ferro que permite que as células sanguíneas transportem oxigênio para os tecidos corporais, também estavam ligados a problemas respiratórios posteriores. Isso poderia ser explicado por outros fatores, como o fumo não declarado de tabaco, que há muito tempo está associado ao aumento dos níveis de hemoglobina. Dos 33 pacientes do Hospital Central de Wenzhou entrevistados sobre tabagismo, os dois que relataram ter fumado, também relataram ter parado de fumar.

As limitações do estudo, dizem os autores, incluíram o conjunto de dados relativamente pequeno e a gravidade clínica limitada da doença na população estudada. Este último pode ser devido em parte a uma escassez ainda inexplicável de pacientes idosos internados nos hospitais durante o período do estudo. A idade média dos pacientes foi de 43 anos.

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