Maioria do Congresso critica demissão de Mandetta
Parlamentares e partidos de centro e de oposição reagiram com críticas à demissão do, agora, ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, nesta quinta-feira (15) e acusaram o presidente Jair Bolsonaro de tê-lo trocado por vaidade e de olho na própria reeleição.
Até o momento, os que se manifestaram em redes sociais e notas à imprensa foram unânimes em defender a manutenção das políticas de isolamento social para vencer a pandemia.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou, durante sessão da Casa, que o ex-ministro da Saúde deixa um legado importante para o combate ao coronavírus.
“A nossa homenagem ao ministro Mandetta, à sua dedicação, a seu trabalho e à sua competência, à sua capacidade de compreensão do problema, de construir as soluções, de diálogo com toda a sociedade, com o Parlamento. O ministro Mandetta deixa um legado, uma estrutura, para que o Brasil possa em conjunto, o governo federal, os Estados e os municípios, principalmente, tenham condição de atender sobre a base do que foi construído pelo ministro Mandetta as condições para atender da melhor forma possível a sociedade brasileira, mas principalmente os brasileiros que precisam do sistema SUS. Agradeço ao ministro, tenho certeza que falo em nome da maioria da Casa”, disse o presidente da Câmara.
Líder do Cidadania, o deputado Arnaldo Jardim (SP) afirmou esperar o sucesso da política de isolamento social de Mandetta e que o Congresso deve ficar atento para zelar tudo o que já foi deliberado. “O Parlamento não poderá tolerar qualquer medida palaciana que ponha em risco a saúde dos brasileiros”, disse.
O PSDB, partido do governador de São Paulo, João Doria, disse, em nota, que a demissão é “temerária” e defendeu “perseverar nas políticas de distanciamento social, consideradas, até o momento, as melhores iniciativas identificadas por todo o mundo para enfrentar o novo coronavírus — mesmo que sejam medidas combatidas pelo próprio presidente”, e pediu que o sucessor do ministro tenha “a sabedoria de continuar trilhando o caminho orientado pelos médicos, pelas evidências científicas, por especialistas, sem se cegar por ideologias”.
O deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) — Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr Líder do PSB na Câmara, o deputado Alessandro Molon (RJ) afirmou, em nota, que Bolsonaro, desde o começo, “escolheu o caminho da negação e guiou suas decisões pelo achismo”, preocupado mais com a própria reeleição do que com a vida dos brasileiros. “A demissão de Mandetta não passa de um acerto de contas por parte de um chefe que, no auge de sua mediocridade, não tolera um auxiliar se destacando mais do que ele”, disse.
Primo do ministro, o deputado federal Fabio Trad (PSD-MS) usou o Twitter para pedir ao parente que não se deixe abater pela saída. “Para quem é punido por suas virtudes e não pelos defeitos, não se deixe abater com a demissão, pois ser demitido deste governo é ser absolvido pela História. Cabeça erguida, primo”, escreveu.
Líder do Psol, a deputada Fernanda Melchionna (RS) disse, em vídeo nas suas redes sociais, que para derrotar o coronavírus será necessário “derrotar Jair Messias Bolsonaro”. “A demissão significa um caminho anticientífico, obscurantista, de propagação de ‘fake news’, que já levou a 1.769 mortos, conforme dados oficiais”, disse.
Para o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP), do Movimento Brasil Livre (MBL), Bolsonaro trocou Mandetta por um nome que pensa exatamente como o agora ex-ministro. “Pura politicagem, ciumeira. Agora, o ministro da Saúde terá de trocar toda a sua equipe e prejudicar o combate ao coronavírus, porque Bolsonaro está mais preocupado com a própria popularidade do que com o país”, criticou.