
Maioria dos brasileiros do cadastro único: mulheres negras
Foto: Aloisio Mauricio/Fotoarena/Agência O Globo
Há um senso comum no Brasil — alicerçado em profundo preconceito — de que “pobre faz muito filho”. Pois bem. O pesquisador Guilherme Hirata, da consultoria IDados, traçou um perfil de quem são os brasileiros inscritos no Cadastro Único — uma das condições, como se sabe, para receber os R$ 600 da renda básica emergencial.
Em dezembro de 2018 (os dados mais recentes divulgados), havia 25 milhões de famílias cadastradas (só metade delas recebia Bolsa Família), num total de 68,4 milhões de pessoas — um terço da população do país. 83% das famílias eram chefiadas por mulheres.
Sabe qual era a média de integrantes de cada família? 2,7 pessoas.
Do total, 40 milhões de pessoas tinham mais de 18 anos — a idade mínima exigida agora para receber a renda básica. Desses, a grande maioria são negros (71,5%) e mulheres (62,6%). A renda familiar, em dezembro de 2018, era de R$ 285 por integrante. Havia nada menos do que 2,6 milhões de famílias com renda… zero.
O levantamento foi feito com base em dados da Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação(SAGI), do atual Ministério da Cidadania, responsável pelo Cadastro Único.
“As informações que identificam as famílias são confidenciais; porém, a cada ano, a SAGI divulga um banco de dados com uma amostra representativa das famílias que não incluem os dados pessoais, mas inclui todas as informações socioeconômicas coletadas via autodeclaração”, explicou Hirata.