Médica da cloroquina é bolsonarista antiga
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A médica Nise Yamaguchi, referência do governo Bolsonaro na defesa da cloroquina, tem irmã com histórico no bolsonarismo. A administradora de empresas Naomi Yamaguchi fez parte do grupo técnico de Educação do gabinete de transição, coordenado por Ricardo Vélez, que se tornaria ministro. Naomi diz que não se envolve na relação de Nise com o governo.
“Tudo aconteceu sem a minha participação. Zero”, diz Naomi ao Painel.
“Hoje eu não tenho nenhuma relação com o Planalto. Ninguém tentou chegar no Planalto por participação minha, até porque eu não tenho ninguém lá”, completa.
Sobre o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), um dos principais defensores da participação de Nise no Planalto, Naomi diz que o conheceu apenas na campanha eleitoral e que, hoje, ele provavelmente nem saberia dizer quem ela é.
Em suas redes sociais, ela diz que foi “rechaçada como se tivesse lepra” do governo Bolsonaro após ouvir que o ministro Vélez não simpatizava com ela.
“O máximo que me falaram era que o ministro não simpatizava comigo. Ou seria o [Ricardo Wagner] Roquetti [militar que foi exonerado posteriomente]? E por qual razão? Por eu ser também uma brasilianista e logo perceber que o ministro podia ser especialista em pensamento brasileiro mas não entendia nada de psicologia nem do brasileiro, nem de criança, nem de liderança, muito menos de gestão, e que não fazia a mínima ideia do que era preciso para melhorar o Pisa, pois sequer sabia quais eram os critérios deste?”, escreveu Naomi em suas redes sociais.
Ela acrescentou que trabalhou por dois meses de graça para o governo e foi uma das primeiras pessoas a serem traídas por Vélez.
Em fevereiro de 2020, Naomi conseguiu reunião com o novo titular, Abraham Weintraub, para tratar do chamado ‘método de Cingapura’, voltado ao ensino de matemática, que ela tenta implementar no Brasil.
Em 2018, ela foi candidata a deputada federal pelo PSL-SP, mas não foi eleita. Na internet há fotos de encontros dela com Eduardo Bolsonaro e com o deputado federal Hélio Lopes (PSL-RJ).
Em abril de 2019, participou de simpósio sobre escolas cívico-militares que teve a participação de Eduardo, do deputado Luiz Philippe Orleans e Bragança (PSL) e do então ministro Carlos Alberto Santos Cruz.
Naomi defende, em seus perfis virtuais, bandeiras caras ao bolsonarismo: aponta suposta manipulação das urnas eletrônicas em eleições, diz que a imprensa promove lavagem cerebral ao tratar do coronavírus e critica a política de distanciamento social proposta por Luiz Henrique Mandetta.
Ela participou, por exemplo, da manifestação de 15 de março, quando, contra recomendações de evitar aglomerações de órgãos internacionais de saúde para combater o coronavírus, as pessoas se juntaram para mostrar apoio ao presidente.
Os próprios organizadores das manifestações chegaram a declarar que elas estavam suspensas, mas mesmo assim as pessoas saíram às ruas. Em Brasília, Bolsonaro saiu do Palácio do Planalto e apertou as mãos de manifestantes.
Ela descreve, em legenda do vídeo, a entrada do caminhão em que estava na avenida Paulista.
“Momento de entrada na Paulista do único caminhão que resolveu desobedecer e enfrentar o Doria! Ontem [15 de março] o Doria fez de tudo para nos parar. Abriu a Paulista para carros, mandou a polícia para cima (mas desobedeceram!), ameaçou de aplicar multa (e se aplicar o povo contribuiu para pagar)”, escreveu.
Em dezembro de 2019, Naomi postou um vídeo dizendo que estava tendo dificuldades em se desfiliar do PSL e tentava migrar para a Aliança pelo Brasil, partido que Bolsonaro está tentando fundar. Ao Painel Naomi diz que conseguiu deixar o PSL.
Em seu currículo, Naomi lista graduação em Administração de empresas pela FGV; mestrado na Université Paris X Nanterre, na França; e doutorado em estudos comerciais na Escolas de Altos Estudos Comerciais, também no país europeu.