Militares que saíram do governo criticam Bolsonaro

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Foto: Andressa Anholete/Getty Images

Em meio à constatação pelos militares de que o país não deve perder tempo e energias com atitudes temerárias do presidente Jair Bolsonaro, como informa o Radar, generais que ocuparam cargos no governo criticaram a participação de Bolsonaro em um ato que pedia intervenção militar, com fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF), neste domingo, 19, em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília.

O general da reserva Maynard Santa Rosa, ex-secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, avalia como “imprudência” a atitude do presidente, classificado por ele como “imprevisível”.

Além de causar aglomerações e distribuir cumprimentos com aperto de mão, o que contraria as orientações da Organização Mundial de Saúde, Bolsonaro discursou na caçamba de uma caminhonete. Ele não falou diretamente sobre a pandemia nem sobre sua intenção de flexibilizar o isolamento social, mas mandou recados como o de que “nós não queremos negociar nada”.

“O Exército não pode ser envolvido na dialética política”, diz a VEJA Santa Rosa, um oficial de quatro estrelas, patente máxima do Exército brasileiro. O ex-secretário, que pediu para deixar o governo em novembro de 2019, em meio a divergências com o ministro Jorge Oliveira, a quem estava submetido, entende que a presença do presidente no ato, no entanto, não foi calculada.

“Garanto que não houve cálculo. Simplesmente, aproveitou a oportunidade. A presença dele pode ser interpretada como um aval. Não acredito que foi essa a intenção”, afirma Santa Rosa.

Sem citar diretamente a manifestação com a presença de Bolsonaro, o general da reserva Carlos Alberto Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria de Governo, também comentou o ato pró-intervenção militar.

Santos Cruz escreveu no Twitter que o Exército “é uma instituição de Estado” e “não participa das disputas de rotina”. “Democracia se faz com disputas civilizadas, equilíbrio de Poderes e aperfeiçoamento das instituições. O EB (Exército Brasileiro) tem prestígio porque é exemplar, honrado e um dos pilares da democracia”, tuitou.

Santos Cruz foi demitido do cargo em junho de 2019, após atritos com as estratégias da equipe de comunicação do governo. Ao longo do primeiro ano do mandato de Bolsonaro, o ex-ministro trocou farpas públicas com o escritor Olavo de Carvalho, que tem grande influência na chamada “ala ideológica” da gestão do presidente.

 

Na manhã desta segunda-feira, 20, Jair Bolsonaro mudou o tom e afirmou que não falou “nada contra qualquer outro Poder”. “Democracia e liberdade acima de tudo”, disse o presidente, na saída do Palácio da Alvorada.

“Peguem o meu discurso. Não falei nada contra qualquer outro Poder. Muito pelo contrário. Queremos voltar ao trabalho, o povo quer isso. Estavam lá saudando o Exército brasileiro. É isso, mais nada. Fora isso é invencionice, tentativa de incendiar a nação que ainda está dentro da normalidade”, afirmou.

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