Moro critica regime domiciliar usando informação falsa
Foto: Jorge William/Agência O Globo
O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro, usou uma informação falsa durante a entrevista coletiva realizada na última terça-feira para criticar a soltura de presos devido à pandemia do novo coronavírus. A declaração fez com que o boato se espalhasse pelas redes sociais e no WhatsApp. O Fato ou Fake, serviço de checagem do Grupo Globo, mostrou que a história sobre um homem detido com um fuzil e 100kg de cocaína em prisão domiciliar no Rio Grande do Sul é #FAKE.
A declaração de Moro foi dada no fim dos pronunciamentos. O ministro pediu a palavra e citou um episódio que tinha recebido no celular:
— Aqui uma declaração que me veio rapidamente. A informação de última hora. Isso precisa ser confirmado, mas a informação que eu recebi aqui: Foi preso em São Leopoldo um detento de 38 anos que foi libertado semana passada por prisão domiciliar humanitária. Foi apreendido com ele 124 kg de cocaína, 12 kg de crack, 6 fuzis 556 e um 762, além de uma submetralhadora 9 mm e mais 5,5 mil cartuchos de fuzil — afirmou o ministro, logo após o tema da liberação de presos em situação de risco de contaminação pelo coronavírus em presídios ser tema da coletiva.
Uma operação realmente ocorreu na cidade de Bom Campo, no Rio Grande do Sul, mas o homem preso não cumpria pena e, portanto, não estava em prisão domiciliar por causa do coronavírus. Após ler a mensagem, Moro voltou a comentar os riscos das libertações:
— Situação do indivíduo que é colocado em prisão domiciliar por questões humanitárias relacionadas ao coronavírus e uma semana depois é apreendido com ele tanta quantidade de droga, tanta quantidade de arma. Pelo jeito não estava tão precisando, tão doente assim pra ser colocado em liberdade. Então, precisa ter uma análise de cada caso, não pode ser colocado em liberdade indiscriminadamente. Esse é um apelo que eu faço, é importante — disse o ministro.
No último dia 17, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) emitiu uma recomendação para que os tribunais avaliem medidas de prevenção à Covid-19 em presídios. Entre elas, está a possibilidade de concessão de prisão domiciliar para presos em cumprimento de pena em regime aberto e semiaberto ou em casos suspeitos ou confirmados da doença.
Procurada, a assessoria do ministério diz que “o ministro recebeu alertas de policiais da região Sul e também notícias de jornais e sites”. Uma delas falava que o preso tinha sido libertado por precaução contra a epidemia.”
A assessoria ressalta o fato de o ministro ter dito que era preciso confirmar a informação e reforça o argumento de Moro. “A recomendação dada na entrevista continua sendo válida. Os presos perigosos não devem ser soltos por motivo de coronavírus.”