Moro exige controle da PF para ficar

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Foto: AMANDA PEROBELLI / REUTERS

Ao ameaçar pedir demissão do cargo de ministro da Justiça caso o comando da Polícia Federal seja trocado pelo presidente Jair Bolsonaro, Sergio Moro atuou para manter o controle na sucessão da corporação e emplacar um nome de sua confiança. O atual diretor-geral Maurício Valeixo já negociava uma saída pacífica do cargo em meados de junho, mas aguardava Moro deflagrar o processo de sucessão.

Um dos nomes do agrado do presidente Jair Bolsonaro, o delegado Anderson Torres, atual secretário de Segurança Pública do governo do DF, enfrenta total oposição de Sergio Moro. Desde o fim do ano passado, Torres tem se articulado politicamente para suceder Valeixo, o que atraiu a ira do atual ministro da Justiça.

Fontes da cúpula da PF avaliam que a indicação de Torres seria um aceno de Bolsonaro para políticos do centrão, que são alvos de investigações na Lava-Jato. Um dos padrinhos do delegado é o governador do DF Ibaneis Rocha, do MDB, que esteve no Palácio do Planalto ontem para uma reunião sobre coronavírus. Seu nome sofre resistência dentro da PF, após o malsucedido movimento para derrubar Valeixo no fim do ano.

Um dos nomes que tem a confiança de Moro para o cargo é do atual diretor do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) Fabiano Bordignon, que também é visto com bons olhos dentro da PF. Também paranaense, Bordignon era chefe da delegacia da PF em Foz do Iguaçu (PR) antes de ser levado por Moro para dirigir o Depen, no início de sua gestão como ministro da Justiça.

Outro nome cotado para comandar a PF é o atual diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, que tem a confiança do presidente e também tem bom trânsito com seus filhos. Ramagem foi chefe da equipe de segurança do então candidato à presidência Jair Bolsonaro em 2018. Com a convivência, caiu no gosto do recém-eleito presidente e foi chamado para dirigir a Abin. Fontes da PF apontam que Moro também mantém uma boa relação com Ramagem.

Ramagem também tem apoio de parte da ala militar do governo. Desde o início da tarde desta quinta-feira, os ministros Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) deflagraram uma operação para evitar a saída de Moro do Ministério da Justiça mesmo se houver avanço na troca da PF.

Questionado em entrevista coletiva no fim da tarde se Moro vai permanecer no governo, o ministro-chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto, respondeu “simplesmente que a assessoria do ministro Moro já desmentiu a saída dele agora do governo”.

– Já está publicada essa informação – declarou Braga Netto, que fez referência a “essas notícias que estão correndo” sobre a possível demissão do ministro da Justiça.

O Globo