Mourão contraria Bolsonaro novamente defendendo isolamento
Foto: Isac Nóbrega/Presidência
O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta quinta-feira que o Brasil ainda está em uma fase “pré-pico” dos casos do novo coronavírus e defendeu medidas de isolamento social. Em evento do banco BTG, Mourão também disse que a retomada das atividades econômicas deve ser “lenta, gradual e segura”. A declaração ocorreu horas após o presidente Jair Bolsonaro afirmar que o coronavírus “não é tudo isso”.
— Estamos aqui já vivendo a segundo fase, do pré-pico, e é uma análise constante da evolução da doença, das áreas que realmente estão sendo mais impactadas, para pouco a pouco haver uma liberação das atividade não-essenciais — afirmou Mourão. — Então eu vou usar até uma expressão que era do tempo do presidente (Ernesto) Geisel, quando se referia à abertura política: esse processo terá que ser lento, gradual e seguro, de modo que, pouco a pouco, as atividades vão retornando.
De acordo com Mourão, o número de casos deverá aumentar até o final de abril, e por isso é preciso preparar o sistema de saúde até lá:
— Nós ainda estamos naquele momento pré-pico. A avaliação é que nós temos que continuar com essa política de isolamento, no sentido de atravessarmos esse mês de abril, onde se espera que o pico da doença comece a ocorrer aí a partir do dia 20, 25 de abril, procurando aquilo que vem sendo chamado do achatamento da curva, de modo que o nosso sistema de saúde, e principalmente a chegada dos insumos que estão sendo comprados permita que a gente supere esse momento.
Ao mesmo tempo, o vice-presidente disse que não há motivo de “histeria total”:
— Não é motivo de uma histeria total como nós estamos vendo. Hoje você toma café, almoça, janta e faz a ceia ouvindo coronavírus. Julgo que isso é uma superexploração e que muitas vezes leva a uma imagem distorcida, principalmente por determinado segmentos da população que não conseguem compreender a realidade.
De acordo com Mourão, as pessoas não devem ficar irritadas por deixaram de fazer certas coisas, já que “logo, logo a vida retornará ao normal”:
— Não nos aglomerarmos. Não ficarmos irritados porque não estamos indo a festas, não estamos indo a bailes, não estamos comparecendo a cinemas. Não, vamos entender que esse é um momento e que tudo na vida passa. Serão 30 dias, 60 dias, mas logo, logo a vida retornará ao normal — disse. — Todos perderemos alguma coisa nessa crise, mas vamos ganhar algo muito maior, que é o sentimento de união e de capacidade do povo brasileiro de superar desafios.