Quem é o secretário de Mandetta que pediu demissão
Foto: ABR
O Ministério da Saúde anunciou hoje que o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira, pediu demissão. A saída acontece em meio à pandemia da covid-19 e notícias sobre a possibilidade de o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, deixar o cargo.
Wanderson de Oliveira é doutor em epidemiologia pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e atuava também como professor da Escola Fiocruz de Governo, em Brasília. Também é enfermeiro epidemiologista do Hospital das Forças Armadas e trabalhou atuou por 16 anos no ministério da Saúde.
Wanderson ocupava o cargo na secretaria de Vigilância em Saúde desde o começo da gestão de Mandetta. Por conta sua presença nas entrevistas coletivas sobre o avanço do novo coronavírus no país, ele acabou se tornando um dos rostos mais conhecidos da pasta. Sua experiência como infectologista embasava suas posições favoráveis ao distanciamento social como estratégia para conter o avanço do coronavírus — tática criticada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Nas entrevistas coletivas, se apresentava ao lado do secretário executivo do ministério, João Gabbardo, para apresentar os dados e as ações da pasta de enfrentamento ao novo coronavírus.
O agora ex-secretário é apontado como um dos principais formuladores da estratégia do Ministério da Saúde para enfrentar a covid-19 e vinha se queixando a colegas sobre o discurso do presidente Jair Bolsonaro, contrário ao isolamento social mais amplo. O médico se despediu dos colegas por meio de uma carta e distribuiu relatório de sua gestão ontem.
Na carta, ele afirma que teve reunião com o ministro da Saúde e que “sua saída estava programada para as próximas horas ou dias”. Oliveira diz que até uma demissão de Mandetta pelo Twitter poderá ocorrer. “Só Deus para entender o que querem fazer”, completou.
No começo de abril, Oliveira participou de projeções junto a pesquisadores da Escola de Saúde Pública de Harvard que apontam para cenários trágicos da covid-19 no país, principalmente em relação às estruturas de tratamento intensivo.
Segundo as hipóteses traçadas, o Brasil terá falta de UTIs (Unidades de Tratamento Intensivo), leitos e ventiladores mecânicos nas principais capitais já neste mês de abril por conta da epidemia de covid-19.
A pesquisa sugere que o governo federal tome o controle dos hospitais privados para minimizar os problemas de atendidos.