Bolsonarismo está em pânico com serviço anti fake news
Foto: L. Huter
A criação e rápida popularização de um perfil no Twitter que alerta empresas que anunciam em sites que propagam informações enganosas está mobilizando a militância virtual bolsonarista, que se sentiu perseguida. Após a ação do perfil Sleeping Giants (que em inglês significa gigantes adormecidos) sensibilizar uma empresa pública, o Banco do Brasil, até Carlos Bolsonaro, filho do presidente da República, e o secretário de Comunicação, Fábio Wajngarten, entraram na briga.
A militância bolsonarista encara o episódio como mais uma batalha da guerra cultural que eles dizem travar e está mobilizando um boicote dos “conservadores” às empresas que responderam às denúncias do perfil.
Parceiro de um movimento norte-americano que denuncia principalmente o financiamento a comunicadores sexistas, o Sleeping Giants começou a operar nesta semana em versão brasileira e já contava coma 37 mil seguidores na noite de quarta-feira (20/05).
O perfil escolheu como primeiro alvo um popular site de notícias de apoio ao governo, o Jornal da Cidade Online. Foi o que enfureceu os influenciadores digitais bolsonaristas que costumam divulgar textos da página.
Então galera vamos ao primeiro caso,: o site é o que mais divulgou FN durante a eleição de 2018 e o mesmo só tem uma monetização fixa que é do @tcemsoficial (o pior: eles sabem que estão lá) e essa propaganda aparece para todo Brasil (não so MS) + pic.twitter.com/cVZ0iuIKQD
— Sleeping Giants Brasil (@slpng_giants_pt) May 18, 2020
Para a militância, o objetivo do perfil, cujo controlador não revelou a identidade, é censurar a mídia conservadora. Veja o comentário do vereador carioca Carlos Bolsonaro ao reclamar do Banco do Brasil ter respondido ao alerta.
Marketing do @BancodoBrasil pisoteia em mídia alternativa que traz verdades omitidas. Não falarei nada pois dirão que estou atrapalhando….. agora é você ligar os pontinhos mais uma vez e eu apanhar de novo, com muito orgulho! Obs: não conheço ninguém do @JornalDaCidadeO pic.twitter.com/Ev4zc67K2G
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) May 20, 2020
Outras empresas também se comprometeram a rever suas regras de anúncios na web após serem alertadas pelo perfil.
O contra-ataque da militância bolsonarista veio em forma de campanha por boicote a essas empresas. Foi criado, inclusive, um perfil no Twitter (ironicamente batizado ‘antiboicote’) para divulgar os alvos.
Você compraria de uma empresa que não aceita ter sua imagem veiculada em sites conservadores?
— Antiboicote (@antiboicote) May 20, 2020
Por causa da campanha, os nomes das empresas citadas foram alçados aos temas mais comentados na rede social, os trending topics.
Foi a resposta do Banco do Brasil, empresa pública, que motivou a mobilização do secretário de Comunicação do governo federal a tomar partido. Para Fábio Wajngarten, o perfil Sleeping Giants é um “veículo multinacional de extrema esquerda” que “quer constranger jornais independentes brasileiros”.
Wajngarten prometeu ainda que está “contornando a situação”. O banco público não se manifestou.
O jornal virtual alvo do perfil está se dizendo vítima de censura e perseguição. A publicação tem divulgado o boicote às empresas envolvidas e noticiado perda “avassaladora” de clientes por parte delas.
Segundo publicação na página, “após um bando de militantes esquerdistas criar um perfil para difamar o Jornal da Cidade Online e tentar boicotar nossos patrocínios através de acusações falsas e criminosas, algumas empresas compactuaram com os pedidos da máfia comunista”.
O veículo afirma que não produz notícias falsas, mas a agência de checagem Aos Fatos registrou ao menos dois textos em que o site foi além de uma leitura alternativa dos fatos.
O Jornal da Cidade Online já noticiou que o ex-candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT) havia declarado voto em Jair Bolsonaro às vésperas da eleição de 2018, o que é mentira, e já teve uma colunista que usava foto roubada de uma escritora para se identificar.