Bolsonaro evita exposição sem controle por medo de vaias
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Em determinado momento do seu governo, Michel Temer parou de frequentar eventos público diante da certeza de que seria alvo de protestos e passaria por constrangimentos diante de sua enorme impopularidade. Completando 500 dias de governo, Jair Bolsonaro vive o mesmo drama de Temer. Eleito com 57 milhões de votos, passa os dias de governo simulando agendas públicas previamente calculadas com público minguado e majoritariamente bolsonarista.
Desde que a pandemia se agravou, os militares do Planalto, que ainda pensam no governo, tentam convencer Bolsonaro a deixar a bolha do palácio para ver como é a vida real, dos brasileiros reais, dos profissionais de saúde reais, em hospitais reais que caem aos pedaços e estão abarrotados de pacientes morrendo na pandemia.
Bolsonaro evita a agenda pelo mesmo receio que fazia com que Temer ficasse trancado no universo de palácios de Brasília. Com mais de 16.000 mortos pelo coronavírus, o presidente tem apenas uma certeza. Depois de tanto boicotar o trabalho do Ministério da Saúde e dos governadores e de se ausentar completamente do papel de líder do país na pandemia, ele não será recebido nos hospitais país afora com gritos de “mito”.
É para não ouvir o que não quer que o presidente segue o roteiro de trabalho vida mansa. Por volta de 8h, desce na portaria do Palácio da Alvorada para ouvir bajuladores e reclamar da imprensa. Depois, vai para o Planalto lutar pela sobrevivência política, negociando cargos no toma lá dá cá do centrão. Por volta de 17h, como ninguém é de ferro, já está arrumando as coisas para fechar o expediente – isso, claro, se não tiver nenhuma festinha ou coquetel de militares, o tipo de agenda que ele não perde.
No fim de semana, claro, ele tem agenda marcada com os aloprados que vão ao Planalto pedir golpe militar e atacar as instituições.