Centrão cobra pressa de Bolsonaro ao liberar cargos

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Foto: Reprodução NBR

O Centrão da Câmara dos Deputados continua a aguardar para esta semana a nomeação de indicados políticos para cargos estratégicos do governo, como o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e o Banco do Nordeste, mas lideranças desses partidos já começam a demonstrar irritação pela “demora” – eles negociam desde abril com o presidente Jair Bolsonaro e seus auxiliares.

Um integrante do grupo que não está diretamente envolvido na negociação, mas acompanha nos bastidores, afirmou ao Valor que o sentimento é insatisfação. “Hoje o governo precisa muito mais do nosso apoio do que nós do governo”, disse, em referência à crise política desencadeada com a participação de Bolsonaro em protestos, os problemas de saúde pública e as acusações feitas pelo ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro. Quanto maior a demora, alerta, maior será o custo pelo apoio caso essas polêmicas aumentem.

O governo negocia desde antes do agravamento da crise para isolar o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que, na opinião de Bolsonaro, conspirava contra o governo. Cabe a Maia aceitar ou rejeitar os pedidos de impeachment, que já somam dezenas e foram pedidos por quase todos os partidos da oposição e até por antigos aliados na direita, como PSL, sua antiga sigla, e o Movimento Brasil Live (MBL).

De olho nos cargos do governo e sem querer elevar a crise política, os partidos do Centrão (PP, PL, Republicanos, PTB, SD, MDB e PSD) negociam separados, mas adotaram a mesma postura diante da crise: são contra o impeachment, orientaram seus deputados e senadores a não assinarem os pedidos de comissões parlamentares de inquérito (CPI) e dizem que a prioridade é o combate ao coronavírus, com a preservação de vidas e empregos.

O apoio, contudo, não é incondicionado. Além dos cargos, os líderes do Centrão querem ser consultados sobre os projetos e rumos do governo antes. Disseram que, se isso não ocorrer, não há compromisso de apoio as propostas.

Aliados de Maia aproveitaram as mudanças no projeto de socorro aos Estados e municípios como sinalização de que a relação entre governo e Centrão não está azeitada. Embora Maia tenha trabalhado pela aprovação do projeto, esses partidos se dividiram e, com as alterações, o texto terá que voltar para o Senado. Governistas, porém, dizem que se tratava de uma questão regional e por isso eram compreensíveis as “traições”.

Valor Econômico