Delator de Bolsonaro entrega celular à PF

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Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo

O empresário Paulo Marinho entregou nesta quinta-feira à Polícia Federal seu celular para ser periciado. Ao chegar à Superintendência do órgão na Praça Mauá, Marinho disse que não sabia exatamente os dados exatos que os investigadores buscarão no aparelho.

– Vim cumprir uma solicitação do delegado – afirmou, sendo questionado sobre o que esperava da entrega do celular: – Só eles (PF) podem dizer – respondeu.

Foi Paulo Marinho quem revelou, em entrevista ao jornal “Folha de S.Paulo”, que o senador Flávio Bolsonaro, de quem é suplente, soube antes da operação Furna da Onça, que expôs seu ex-assessor Fabrício Queiroz.

Marinho tem prestado depoimentos relacionados ao tema. Na terça-feira, ele foi ouvido no inquérito no Supremo Tribunal Federal sobre a acusação do ex-ministro Sergio Moro de interferência política do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal.

Ele foi um dos principais aliados de Jair Bolsonaro na campanha eleitoral de 2018 e é pré-candidato à Prefeitura do Rio.

O advogado Frederick Wassef, que defende Flávio, esteve na Superintendência da PF no Rio na terça-feira para tentar acompanhar o depoimento de Paulo Marinho. No entanto, o ministro Celso de Mello indeferiu o pedido da defesa para acompanhar a oitiva do empresário, e Wassef não pode acompanhar o depoimento. Segundo a defesa de Flávio, o ministro informou que até o momento o senador não é investigado nesse caso que apura o vazamento de informações da PF e, por isso, não teria razão para acompanhar o depoimento.

Segundo Paulo Marinho, Flávio Bolsonaro foi informado por um delegado da Polícia Federal, entre o primeiro e o segundo turnos da eleição de 2018, que seria deflagrada a Operação Furna da Onça, que continha um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sobre a movimentação atípica de R$ 1,2 milhão na conta de Fabrício Queiroz, então assessor de Flávio.

Por causa desse relatório, Queiroz passou a ser investigado por suspeita de operar um esquema de “rachadinha” — prática de devolução de parte dos salários dos funcionários — no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

Segundo o relato de Paulo Marinho, foi o próprio senador que o procurou para contar sobre o episódio do vazamento depois que o caso veio à tona em dezembro de 2018. Na ocasião, ele estava acompanhado do advogado Victor Granado Alves, seu então assessor parlamentar na Alerj.

O senador nega irregularidades e disse que a declaração do ex-aliado é “invenção de alguém desesperado e sem votos” e que Marinho tem interesse em prejudicá-lo porque é seu substituto no Senado.

O Globo