EUA geram 38 milhões de desempregados em 2 meses

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Foto: Nick Oxford/Reuters

O número de desempregados nos Estados Unidos vem crescendo exponencialmente com a crise do coronavírus. Só na última semana, mais 2,4 milhões de americanos deram entrada no seguro-desemprego, elevando o total de pessoas que perderam seus trabalhos desde que a Covid-19 atingiu em cheio o país para 38 milhões, segundo dados do Departamento do Trabalho divulgados nesta quinta-feira, 21.

O total de desempregados pode ser ainda maior, pois o sistema de processamento de dados não foi projetado para um solavanco tão brusco da economia e os pedidos estão sendo analisados com lentidão.

A situação é tão grave que uma pesquisa recente do Censo americano indicou que quase metade dos adultos no país confirmou que eles ou algum membro de sua família perdeu sua principal fonte de renda desde meados de março. Um outro estudo recente, do Fed, o Banco Central americano, constatou que aproximadamente 40% dos trabalhadores em famílias que ganham menos de 40.000 dólares ao ano perderam o emprego.

A crise que afeta os Estados Unidos está pondo de joelhos quase todos os países. A diferença lá, em relação à multidão de desempregados, é a finíssima rede de proteção social estendida por um Estado que, historicamente, se esmera em ter a presença mais discreta possível na vida da população. Demitir, nos Estados Unidos, é um ato simples e indolor para quem demite — daí o turbilhão de desocupados.

Na Europa, ao contrário, onde o Estado de bem-estar social ainda predomina, os governos vêm se esforçando para evitar as dispensas. Reino Unido e França vão pagar 80% do salário nas empresas com problema de caixa. Holanda e Portugal optaram por um programa semelhante. Itália e Grécia foram ainda mais longe e proibiram cortes no período de emergência, uma providência impensável no sistema americano.

Como quase 80% dos postos de trabalho nos Estados Unidos se concentram no setor de serviços, mais sensível às marés da economia, o freio de agora também retesou a renda de três quartos dos empregados que ganham por hora trabalhada. Se o movimento cai, também diminuem a jornada e o salário no fim do mês.

Os dados sustentam as visões de economistas de uma retração duradoura da economia americana, afetada pelas paralisações devido ao combate ao coronavírus. A economia americana encolheu no primeiro trimestre no ritmo mais forte desde a crise de 2007-2009.

Antes da Covid-19, os Estados Unidos mantinham uma invejável taxa de desemprego de 3,6% – a menor em 51 anos. O porcentual é considerado entre economistas como “pleno emprego”. Porém, segundo o Departamento do Trabalho, o país encerrou o mês de abril com uma taxa recorde de 14,7% – quase o dobro da taxa registrada na crise 2007-2009.

Com as políticas de distanciamento social e confinamento adotadas pelos governos estaduais, diante da disseminação da epidemia pelo país, a economia americana afundou. O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê recuo de 5,9% da atividade econômica dos Estados Unidos em 2020. O mundo, alerta o FMI, enfrentará uma situação pior do que a vivenciada na Grande Depressão, na década de 1930.

Embora todos os 50 estados tenham iniciado o processo de reabertura, a maioria dos especialistas acredita que o caminho para a recuperação econômica será longo e cheio de interrupções.

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