Governador do RS diz que má imagem do Brasil vai durar

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Foto: Gustavo Mansur/Divulgação

O Brasil terá que trabalhar muito para reverter a imagem ruim no exterior em relação à política de enfrentamento ao coronavírus. Essa é a opinião do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), que participou de reunião online com o presidente Jair Bolsonaro nesta quinta, 21. Ele afirma que o nível de incerteza e de insegurança que existe internamente se reflete no exterior e atrapalha o modo como o país é visto lá fora. “Teremos que trabalhar muito para recuperar essa imagem e alimentar a expectativa positiva em relação ao futuro do Brasil”. Isso, é bom que se diga, pode representar menos investimentos ao país.

Para Eduardo Leite, a falta de agilidade do governo em auxiliar financeiramente estados e municípios também está prejudicando o trabalho em meio à crise. Segundo o governador, o estado do Rio Grande do Sul registrou perda de arrecadação de R$ 700 milhões em abril. Em maio, esse valor deve chegar a R$ 1 bilhão. “Essa indefinição, a demora do governo federal em tomar a decisão, a lentidão com que tramitou no Congresso, a falta de iniciativa do governo e agora a demora na sanção, vão fazer com que a gente receba com enorme atraso essa reposição”, afirmou o governante à coluna. Por isso, o pedido dos governadores ao presidente na reunião foi sanção imediata do projeto de socorro.

No Rio Grande do Sul, do total de 1.814 leitos disponíveis no estado, Eduardo Leite aponta que 217 estão sendo usados por pacientes com casos confirmados ou suspeitos de Covid-19. De acordo com ele, o sistema de distanciamento controlado e as estratégias de análise de dados adotadas pelo governo estadual têm gerado resultados positivos.

“Não é razoável que você administre o distanciamento com uma super dosagem de restrições absolutas que geram efeito colateral pesado nas pessoas, efeito econômico, e com isso a gente conseguiu desenvolver um sistema regionalizado. São 20 regiões no Rio Grande do Sul. A gente tem quatro níveis de risco, bandeira amarela, laranja, vermelha e preta, que são definidas de acordo com a análise da região, da velocidade, do avanço do coronavírus, da incidência na população, da ocupação nos leitos hospitalares, da capacidade hospitalar existente naquela região. E assim a gente tem conseguido administrar isso de uma forma equilibrada”, explicou Eduardo Leite.

Em relação à posição do presidente Jair Bolsonaro durante a crise, minimizando a violência do coronavírus, o governador acha que há uma falta de liderança no momento. “A postura é errada, equivocada, tanto do ponto de vista sanitário, da preservação das vidas, como do ponto de vista econômico. A perda de liderança do governo federal gera uma desconfiança, uma incerteza por parte da população, que cobra um preço do ponto de vista econômico”.

O jovem político, de apenas 35 anos, avalia que, quando as pessoas estão hesitantes e cheias de incerteza, elas vão reduzir o consumo, vão ter menos segurança para os seus investimentos privados. “Aqueles que podem investir e os consumidores tendem a passar um comportamento de mais poupança e de guardar dinheiro porque não sabem até quando essa situação vai, não entendem o que está passando, desconfiam do governo e aí vai gerando problemas econômicos ainda mais graves”, disse ele à coluna.

O governador afirma que, no momento, o trabalho do governo é administrar o método adotado e, enquanto não houver uma forma de imunizar a população, acredita que o papel dos governantes é evitar a disseminação do vírus e proporcionar estrutura aos que forem contaminados.

“Enquanto não houver vacina para imunizar a população, esse será o nosso trabalho: conter o avanço da disseminação do vírus e garantir que haja estrutura para atender aqueles que vierem a necessitar de atendimento por terem agravadas as situações do coronavírus. É isso que temos para este momento até que se tenha a capacidade de imunizar a população”, destaca.

Eduardo Leite esclarece que o Rio Grande do Sul não vive exatamente uma abertura gradual da economia, mas analisa cada região separadamente para decidir o que vai continuar aberto ou o que precisa se manter fechado.

“O governo gaúcho tem um protocolo, um sistema que apura o número de casos a partir de 11 indicadores, um diagnóstico de cada região e toda semana a gente avalia. Eventualmente pode acontecer, e já aconteceu, de regiões terem apontado um crescimento de casos e os números indicam que lá temos que ser mais restritivos, então fecham empreendimentos, são restritas algumas atividades. O que nós temos é um modelo que permite a atividade econômica e que vai monitorando”.

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