Investidores dizem que crise política impede seus investimentos
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A instabilidade política no Brasil está sendo estimulada pelo próprio presidente da República e tem deixado investidores receosos em relação a aplicações de recursos no país. Tal insegurança também pode afetar ainda mais a economia brasileira em um ano que deve ser de recessão.
O alerta foi feito por investidores estrangeiros a assessores presidenciais nos últimos dias.
Para esses investidores, Bolsonaro não consegue sequer capitalizar momentos que podem ser positivos para ele e seu governo e acaba jogando mais gasolina na fogueira da crise política, que se desdobra paralelamente às crises sanitária e econômica.
Os investidores citam os últimos movimentos do governo. De um lado, lembram que a divulgação do vídeo da reunião do dia 22 de abril não trouxe uma “bala de prata” contra o presidente – fato que animou os mercados –, apesar de reforçar a narrativa do ex-ministro Sergio Moro de que Bolsonaro tentou interferir politicamente na Polícia Federal.
De outro lado, porém, Bolsonaro posta em suas redes sociais uma mensagem com ataques indiretos ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello, citando trecho da Lei de Abuso de Autoridade.
O trecho da lei cita a previsão de punição com prisão de um a quatro anos àquele magistrado que divulgar gravação sem relação a investigações e que invadam a privacidade de alguém.
Com a publicação, Bolsonaro acabou criando mais desconforto e insatisfação em relação a ele dentro do Supremo, contribuindo para a criação de mais atrito entre Palácio do Planalto e Judiciário.
Ou seja, a semana poderia começar com uma avaliação positiva dentro dos mercado sobre o vídeo, mas Bolsonaro mantém a crise política em alta por iniciativa própria.
Esse clima de instabilidade gera, na avaliação de investidores estrangeiros, um ambiente de insegurança para que fundos internacionais façam aplicações no Brasil e deve reforçar o movimento de retirada de recursos do país.
A instabilidade também preocupa a equipe econômica, que espera atrair investidores estrangeiros para garantir uma recuperação do ritmo econômico do Brasil a partir de meados do segundo semestre.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, prepara medidas para reativar a economia que podem ser anunciadas no próximo mês e têm como um foco exatamente estimular o investimento do setor privado.