Maia diz que povo têm que se “armar” com “resiliência”

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Foto: Agência Cãmara

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), abriu, nesta terça-feira, a primeira sessão plenária da Casa pós-divulgação do vídeo da reunião ministerial de 22 de abril com um pronunciamento em defesa ao enfrentamento da pandemia do coronavírus e à independência dos Poderes. Em um recado para o Palácio do Planalto, Maia disse que o momento é muito grave e que o grande desafio do Brasil hoje é derrotar o coronavírus e vencer a crise econômica, preservando a democracia.

— Vivemos hoje, permitam-me repetir mais uma vez, um momento muito grave da nossa história. A voz desta Casa de Leis, que presido, deve traduzir a voz da maioria do povo brasileiro, que nos ordena para juntar os cacos das nossas convergências, para, unidos, vencermos o grande desafio. E o nosso grande desafio é derrotar o coronavírus, vencer a gravíssima crise social e econômica que está a nossa frente, preservando a nossa democracia. Repito: preservando a nossa democracia.

Segundo o presidente da Câmara, a resiliência e capacidade de trabalho do povo são “as únicas armas que nós, brasileiros, devemos portar”. A afirmação foi uma referência a uma das declarações do presidente Jair Bolsonaro no encontro ministerial no mês passado, cujo conteúdo foi revelado na última sexta-feira por decisão do ministro do Supremo Celso de Mello.

— Temos feito muito, mas há muito o que fazer. Armados do espírito da resiliência e da capacidade de trabalho do nosso povo, haveremos de conseguir. Essas, aliás, são as únicas armas que nós, brasileiros, devemos portar. A fé na capacidade de trabalho, na força de vontade para enfrentar e vencer obstáculos e na crença na Justiça de nosso regramento institucional. É hora de todos nós elevarmos o nível de nosso entendimento, das nossas palavras e das nossas ações — afirmou Maia, sem citar Bolsonaro.

Durante a reunião ministerial, Bolsonaro afirmou que queria que a população se armasse para “evitar uma ditadura”, em referência às medidas de isolamento social e quarentena decretadas pelo país. Maia também afirmou que essas medidas não são as responsáveis por “derrubar a economia”, como Bolsonaro tem dito desde o início da crise provocada pelo novo coronavírus no país.

— Como consequência da pandemia, vem o desemprego. Com o desemprego, vem a fome, as falências, as dificuldades de honrar compromissos. Mas é preciso ter claro: a quarentena e o isolamento social não são culpados por derrubar a economia. Quem derruba a economia é o vírus. O distanciamento momentâneo entre as pessoas salva vidas — disse.

Maia também defendeu sobre respeito às instituições, afirmando que é necessário preservar a harmonia entre os poderes e a democracia, respeitando decisões do Judiciário e mantendo diálogo construtivo com a imprensa, mesmo sob críticas.

— Preservar a harmonia e independência entre os poderes significa compreender um pilar fundamental da democracia. As senhoras e senhores ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) sabem que este parlamento respeita e cumpre as decisões judiciais, mesmo quando delas discorda. É isso o que determina a Carta Constitucional e todos juramos respeitá-la. Importante frisar ainda que temos mantido com a imprensa uma relação constante e construtiva, recebendo as críticas e as análises com humildade. Porque todos sabemos do importantíssimo papel da imprensa livre e dos profissionais de imprensa na consolidação da democracia — disse Maia em seu discurso.

A divulgação do vídeo revelou também um ataque do ministro Abraham Weintraub (Educação) ao Supremo. Ele disse: “Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF. E é isso que me choca.”

O Globo