Maia fala em “impor limite a outro Poder”

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Foto: Jorge William | Agência O Globo

Um dia após ser alvo de manifestações antidemocráticas em Brasília, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu respeito a decisões do Supremo Tribunal Federal (STF). Ao ser questionado sobre a nomeação do novo diretor-geral da Polícia Federal, Rolando Alexandre de Souza, Maia disse que, na democracia, cabe aos Poderes impor limites entre eles.

Souza foi confirmado como chefe da PF após o ministro Alexandre de Moraes, do STF, barrar a posse de Alexandre Ramagem, atual diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), para o cargo.

“A democracia é um sistema em que um Poder mostra ao outro quais são os seus limites. Muitas vezes a gente não gosta da decisão do outro. Também é legítimo ter essa liberdade, mas precisa saber qual é o limite da nossa liberdade para que não pareça um confronto. A gente precisa respeitar sempre as decisões dos ministros do Supremo, qualquer decisão depois tem direito a recurso”, disse Maia.

Moraes entendeu que a nomeação de Ramagem na PF feria o princípio da “impessoalidade” na administração pública. O atual diretor da Abin é amigo da família Bolsonaro e sua indicação ocorreu após o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro acusar o presidente de tentar interferir na corporação e cobrar acesso a informações de inteligência.

“O presidente tem direito de nomear diretor da PF”, disse Maia. “O Supremo também tem a legitimidade de garantir ou não a posse, como foi no caso do outro nome indicado. Se houver algum problema, cabe a qualquer um questionar. Mas espero que a partir dessa nomeação podemos ter mais tranquilidade nesse tema, principalmente por parte do governo. Porque sempre se precisa de forma correta respeitar a decisão dos outros poderes”, afirmou o deputado.

Antes, Maia foi questionando sobre as manifestações de domingo e ele voltou a criticar os eventos que promovem ataques ao Congresso e ao Supremo. Bolsonaro participou do evento.

“Já me manifestei sobre esse tema, todos sabem minha posição sobre esse tema. Primeiro, eventos com aglomeração e, segundo em relação, aos ataques dessas manifestações ao STF e ao Congresso. Acho que não ajudam e estimulam conflitos que não deveriam ser estimulados em momento nenhum, principalmente, no momento de uma pandemia em que o Brasil já tem mais 7 mil mortos”, disse.

Ontem, pelas redes sociais, o presidente da Câmara criticou os atos e repudiou as agressões sofridas por profissionais do Estado.

“Ontem enfermeiras ameaçadas. Hoje jornalistas agredidos. Amanhã qualquer um que se opõe à visão de mundo deles”, disse ele no Twitter.

Estadão