Manaus tem “drive thru de oração”

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Foto: Jonne Roriz/VEJA

Durante a manhã do último sábado, dia 09, 201 pessoas foram atendidas pelo serviço de “drive-thru” de orações do Ministério Internacional da Restauração (MIR) Centro-Sul de Manaus, igreja evangélica na capital do Amazonas. O número é um pequeno contingente dentro dos 14.000 cidadãos que procuraram a benção em pouco mais de um mês. No dia 21 de março, o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), assinou o decretou que suspendeu as atividades de igrejas, entre outras atividades que geram aglomerações, para frear o avanço do coronavírus na região. No dia 27 do mesmo mês, o MIR começou a oferecer a oração por “drive-thru”: com uma tenda montada em frente à igreja na Avenida Major Gabriel, os motoristas estacionam seus veículos, recebem as palavras religiosas, e, em poucos minutos, seguem para outros destinos, sem gerar aglomerações. Em alguns casos, o serviço é feito pela internet, com aplicativos de videoconferência.

Com uma equipe de seis pessoas, todos voluntários de diferentes áreas de atuação, como da saúde, educação e empresários, o grupo, paramentado com equipamentos de proteção individual, formou uma corrente de orações em volta de cada veículo que estacionou para receber as palavras de fé. Carros, motos, bicicletas, ambulâncias, frotas da PM, ônibus, caminhões, etc., já pararam na tenda em busca da bênção. Os motivos para o consolo espiritual são igualmente diversos. Há quem esteja procurando um conforto específico, por causa de algum familiar ou ente querido internado em decorrência do coronavírus, ou uma ajuda mais básica e genérica, por questões gerais de saúde, finanças e emocionais. Por causa da crise econômica em consequência da pandemia, muitas pessoas pediram orações direcionadas ao trabalho. Com o aumento de casos de violência doméstica no período de isolamento social, o tema também foi recorrente.

De acordo com Seile Macedo e Míriam Macedo, os líderes da equipe que estavam representando os pastores naquela manhã de sábado, o objetivo é transmitir palavras de consolo a quem aparece em busca de uma motivação ou de cura, seja para a doença ou outros problemas. “As igrejas estão impossibilitadas de receber fiéis. As pessoas querem um refrigério. Em um mundo com tanta dor, o medo acaba se tornando a doença, a aflição e a fraqueza. Quem passa pelo drive-thru não sai o mesmo”, explicou Míriam. “Se durante a oração a pessoa acreditar que quem está falando com ela é Deus, ela recebe a benção nas mãos”.

Com aventais, máscaras, luvas, protetores de rosto e álcool em gel, Macedo garante que a orientação é seguir as recomendações de segurança. “É uma guerra diferente, mas é uma guerra. Não tocamos nas pessoas, nem nos carros. É uma questão de segurança e de individualidade de cada um”, afirmou. E complementou: “não basta só o cuidado espiritual. É preciso que cada um se cuide fisicamente também, se protegendo da doença”.

Ao longo do dia, nem tudo são flores ou somente mensagens de otimismo e superação. Pelo menos um veículo parou no local para ofender os voluntários. “Sempre tem os que nos xingam e tais atitudes não nos afetam. A missão é uma só”, garantiu Macedo. Enquanto alguns se dispõem a ofender, outros se arriscam a conhecer o serviço que poderá trazer algum alento durante a pandemia. Nem só evangélicos fizeram o pit-stop na tenda: católicos e até mesmo ateus, garantem os voluntários do MIR, já passaram pelo drive-thru da fé.

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