Militares começam a assumir todos os cargos na Saúde
Foto: Alexandre Manfrim/Defesa
Uma série de nomeações está transformando o Ministério da Saúde em uma das pastas mais militarizadas do governo Jair Bolsonaro. Somente ontem, o “Diário Oficial da União” (DOU) trouxe cinco designações de egressos da caserna para integrar a pasta, que tem como secretário-executivo o general Eduardo Pazuello.
Os atos refletem o desejo do presidente Jair Bolsonaro de evitar que o ministro Nelson Teich desenvolva o mesmo tipo de protagonismo do antecessor, Luiz Henrique Mandetta. O ex-ministro tornou-se uma das estrelas do governo e por diversas vezes bateu de frente com Bolsonaro em posições como a defesa do isolamento como forma de evitar a propagação do coronavírus.
A solução encontrada foi escalar militares para compartilhar a gestão do ministério com o titular, que é civil. Pazuello, que coordenou a acolhida de refugiados da Venezuela em Roraima e atuou nas Olimpíadas de 2016, foi colocado no posto como uma espécie de “tutor” militar da Saúde. Ele tem agora comandado as nomeações.
Ontem, foram nomeados quatro tenentes-coronéis para os postos de diretor de Programa, assessor no Departamento de Logística, coordenador-geral de Planejamento e diretor de Gestão Interfederativa e Participativa. Uma sargento, Emanuella Almeida Silva, tornou-se coordenadora de Pagamento de Pessoal e Contratos Administrativos.
O Valor apurou que ao menos outros nove militares assumirão os postos de diretor-executivo do Fundo Nacional de Saúde (Funasa); chefe da Assessoria Parlamentar; coordenador de contabilidade; coordenador-geral de Inovação de Processos e de Estruturas; coordenador de Finanças do Fundo Nacional da Saúde; Subsecretaria de Planejamento e Orçamento; subsecretário de assuntos administrativos; diretor do Departamento de Monitoramento e Avaliação do SUS; assessoria do secretário-executivo.
Ontem, o ministro Teich foi questionado sobre as nomeações em coletiva no Palácio do Planalto. Em resposta, disse que “é preciso “evitar essa polarização se é um governo de militar ou não”. Teich afirmou ser “o líder de um grupo” composto de vários secretários e que cabe a Pazuello “fazer as coisas acontecerem”. “Os militares têm competências que são muito importantes, o planejamento do trabalho em equipe, uma coisa organizada, isso é importantíssimo.”
Valor Econômico