Planalto promete proteger repórteres de agressões bolsonaristas

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Foto: Pedro Ladeira/Folhapress

Um dia depois de a Folha e outros veículos de comunicação terem comunicado a decisão de não mais participar da cobertura do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em frente ao Palácio da Alvorada, o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) disse que continuará aperfeiçoando a segurança do local.

“Continuaremos aperfeiçoando esse dispositivo, para que o local permaneça em condições de atender às expectativas de trabalho e de livre manifestação dos públicos distintos que, diariamente, comparecem ao Palácio da Alvorada”, afirma em nota o gabinete, chefiado pelo ministro Augusto Heleno.

A Folha decidiu suspender a cobertura jornalística na porta do Alvorada temporariamente até que o governo federal ofereça segurança aos profissionais de imprensa. A mesma decisão foi tomada pelo grupo Globo, que tem entre seus meios de comunicação a TV, os jornais O Globo e Valor Econômico e o portal G1.

Nesta segunda-feira (25), apoiadores de Bolsonaro hostilizaram jornalistas, numa prática que tem sido recorrente diariamente na porta da residência oficial.

Pouco antes dessas agressões verbais, o presidente, ao passar perto dos repórteres, criticou a imprensa. “No dia que vocês tiverem compromisso com a verdade, eu falo com vocês de novo”, disse. Alguns simpatizantes dele apoiaram respondendo “Isso aí”.

Os xingamentos aos jornalistas que esperam a saída de Bolsonaro na porta do Alvorada diariamente se tornaram comuns e, nesta segunda-feira, a agressividade foi maior.

O jornal pretende retomar a cobertura no local somente depois de serem implementadas condições de segurança aos profissionais por parte do governo federal.

Na nota publicada nesta terça-feira (26), o GSI afirmou avaliar “ininterruptamente as condições de segurança dos locais onde o presidente esteja ou possa vir a estar”. “Em decorrência desta avaliação, implementa as medidas necessárias e suficientes para garantir a segurança adequada”.

O GSI também lista algumas medidas que foram adotadas na área em frente à residência oficial, onde tanto apoiadores quanto repórteres comparecem diariamente para acompanhar a saída e a entrada de Bolsonaro.

Entre as ações, há a separação física, por meio de gradis, dos locais destinados para os visitantes e repórteres; registro e inspeção dos presentes, inclusive com detector de metal; orientação quanto ao uso de equipamentos de proteção individual contra a disseminação do novo coronavírus; e presença de agentes de segurança.

Com a escalada de hostilidades, o GSI havia instalado duas grades, com espaço de uma pessoa em pé entre elas, para separar os dois grupos. O reforço da proteção, no entanto, foi removido e, nos últimos dias, há apenas uma grade e uma fita de contenção, ignorada pela claque.

O gabinete responsável pela segurança do presidente da República também alegou nesta terça que algumas medidas mais restritivas deixaram de ser tomadas em atendimento de solicitação de integrantes da imprensa.

O GSI não diz a qual medida se refere. Em meados de maio, o GSI informou repórteres que cobrem o Palácio da Alvorada que a circulação de carros na área em frente à residência seria interrompida 15 minutos antes da saída e da entrada de Bolsonaro no edifício.

Após esse comunicado, jornalistas questionaram o Palácio do Planalto que essas regras dificultavam o acesso de profissionais ao local, uma vez que os horários de deslocamento do presidente não são informados com antecedência.

“O GSI entende e respeita os princípios de liberdade de expressão garantidos pela legislação vigente. Assim sendo, criou as melhores condições possíveis para o trabalho dos profissionais de imprensa e, também, um espaço reservado aos apoiadores do Presidente”, diz o gabinete, na nota desta terça.

Folha