Quanto mais mortes por vírus, mais Bolsonaro ataca isolamento
Foto: ADRIANO MACHADO / REUTERS
Em mais uma série de críticas às medidas de isolamento social adotadas por governadores e prefeitos no enfrentamento ao novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que “o Brasil está quebrando” e que, se isso ocorrer, a economia não se recupera, “como alguns dizem”. Bolsonaro complementou comparando a situação do Brasil no futuro à de países da África sub-saariana e lamentou o número de mortes em decorrência da Covid-19:
– O Brasil está quebrando. E depois de quebrar, não é como alguns dizem, “ah, a economia recupera”. Não recupera. Vamos ser fadados a viver em um país de miseráveis, como tem alguns países da África sub-saariana. Nós temos que ter coragem de enfrentar o vírus. Está morrendo gente? Tá. Lamento? Lamento, lamento. Mas vai morrer muito, muito, mas muito mais se a economia continuar sendo destroçada por essas medidas (dos governos locais).
Segundo ele, o lockdown é o caminho do fracasso, que levaria à decadência da economia brasileira.
– O Brasil está se tornando um país de pobres. O que eu falava lá atrás, que era esculachado, estão vendo a realidade agora aí. Pra onde está indo o Brasil? Vai chegar um ponto que o caos vai se fazer presente aqui. Essa história de lockdown, “vamos fechar tudo”, não é esse o caminho. Esse é o caminho do fracasso, quebrar o Brasil. Governador, prefeito, que porventura entrou nessa onda lá atrás, faça como eu já fiz algumas vezes na minha vida, se desculpa e faça a coisa certa – declarou Bolsonaro, na saída do Palácio da Alvorada.
O presidente destacou ainda que os cerca de 38 milhões de trabalhadores informais “já perderam quase tudo” e que os celetistas também estão perdendo. E apontou a possibilidade de a crise impedir o pagamento do funcionalismo público, criticando quem acha que poderá ter aumento em 2020 ou 2021.
– Vai faltar dinheiro para pagar servidor público. Ainda tem servidor, alguns, achando que quer ter possibilidade de ter aumento nesse ano ou no ano que vem. Não tem cabimento. Não tem dinheiro – disse, completando: – A gente vê o pessoal mais pobre em São Paulo continua, naquela periferia, no Rio também tenho imagens, continua todo mundo se movimentando. É só na classe média alta que está tendo esse problema grave do comércio. Tem que reabrir. Nós vamos morrer de fome. A fome mata. A fome mata. Então é o apelo que eu faço a governadores: revejam essa política. Eu tô pronto para conversar. Vamos preservar vidas? Vamos. Mas dessa forma o preço lá na frente serão centenas de milhares de vidas que vamos perder, por causa essas medidas absurdas de fechar tudo.
Questionado sobre o que explica o Brasil ter mais de 13 mil mortes confirmadas pelo novo coronavírus e a Argentina, país vizinho, ter registrado 329 óbitos, Bolsonaro argumentou que “é só você fazer a conta por milhão de habitantes”. Mas interrompeu seu raciocínio subitamente e pediu para falar da Suécia, que não adotou quarentena, mas já registrou 3.529 mortes.
– A Suécia não fechou. Pronto. A Suécia não fechou. Você tá defendendo… com toda certeza já entrou para a ideologia, você pegou um país que está caminhando para o socialismo, que é a Argentina. Outra pergunta aí – comentou.