Surge prova de que Guaidó tentou golpe
Foto: Federico Parra/AFP
O líder da oposição na Venezuela, Juan Guaidó, aceitou no início da semana a renúncia de Juan Rendón, um de seus consultores políticos. Rendón, que está exilado nos Estados Unidos, admitiu ter debatido a deposição do ditador venezuelano, Nicolás Maduro, com a empresa privada americana de segurança Silvercorp, que está envolvida na tentativa fracassada de invasão de um grupo de mercenários à Venezuela em 3 de maio.
O consultor político afirma que, embora tenha mantido contato com a empresa no final do ano passado, as conversas estavam suspendidas desde novembro.
Ele acusa Jordan Goudreau, diretor-executivo da Silvercorp, de levar adianta a operação de 3 de maio. Goudreau, que também é ex-militar das Forças de Operações Especiais dos Estados Unidos, publicara no final de semana da invasão um vídeo em suas redes sociais em que assumia ter ajudado a organizar uma tentativa de golpe na Venezuela.
Além de Rendón, o deputado Sergio Vergara renunciou ao cargo de membro integrante da comissão da oposição venezuelana para Estratégia de Crise. Vergara não explicou o motivo para essa decisão.
As assinaturas dos três homens, Rendón, Goudreau e Vergara, constam no “acordo de serviços gerais”, um contrato que data de outubro de 2019 e serviu de base para a operação fracassada de 3 de maio, segundo reportagem do jornal americano The Washington Post.
Rendón disse que jamais teve interesse em “participar de atividades violentas”, e Vergada disse não ter tomado conhecimento da tentativa de invasão à Venezuela para depor Maduro, batizada de Operação Gideon. Guaidó, cuja assinatura também está no contrato, nega qualquer envolvimento com a invasão malfadada.
Segundo a versão da ditadura venezuelana, defendida por Maduro desde segunda-feira 4, um grupo de até 55 “mercenários terroristas” tentou invadir a Venezuela no domingo, pilotando lanchas vindas da vizinha Colômbia. A operação, segundo o regime ditatorial, teria sido um complô com participação dos governos colombiano e americano.
Oito pessoas foram mortas e treze foram detidas, dentre elas estariam dois cidadãos americanos, Luke Denman e Airan Berry. Assim como Goudreau, Denman e Berry seriam ex-militares das Forças de Operações Especiais americanas.
O governo dos Estados Unidos ainda não reconhece se realmente há americanos detidos na Venezuela. “Nós vamos começar o processo para, se de fato houver americanos [detidos na Venezuela], descobrir uma maneira de solucionar a situação”, disse o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, em 6 de maio.