Teich disse que governo parecia “barco à deriva”

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Foto: Adriano Machado/Reuters

No vídeo da reunião ministerial de 22 de abril, divulgado nesta sexta-feira (22/5) pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-ministro da Saúde Nelson Teich alertou ao presidente Jair Bolsonaro a necessidade de mostrar a população que o governo tinha controle da covid-19. Teich tomou posse cinco dias antes da reunião, em 17 de abril.

“A saúde ela é fundamental porque enquanto a gente não mostrar para a sociedade que a gente tem o controle da doença, da saída dela, qualquer tentativa econômica vai ser ruim, porque o medo vai impedir que você trate a economia como uma prioridade. Então controlar a doença hoje é fundamental”, afirmou em sua primeira e única participação na reunião com os ministros de Bolsonaro.

No encontro com outros ministros, Teich explicou que é necessário mostrar que o governo tem uma estratégia para trabalhar a doença e mostrar que o governo não é um “barco à deriva”. “Controlar a doença não significa que a gente vai curar a doença em uma semana, mas que a gente não é um barco a deriva e que a gente tem uma estratégia para trabalhar essa a doença, né?”, afirmou o ex-ministro.

Em outro momento, o ministro do Desenvolvimento, Rogério Marinho, pergunta se Teich tem perspectivas para apresentar um plano de transição para saída do isolamento. “Na verdade a gente tá correndo contra o tempo. Enquanto a gente não conseguir controlar a percepção que a gente hoje tem condição de cuidar das pessoas, vai ser difícil, né?”, respondeu o médico oncologista.

Durante a reunião, Nelson Teich ainda fez um alerta ao presidente sobre um “problema adicional”, que seria a demanda reprimida de outras doenças que não estão recebendo a atenção por causa do foco à covid-19.

“O que que tá acontecendo hoje? Vamos botar em número. Hoje, (imagine) que a gente tenha quatro milhões de pessoas com a covid. Brasil hoje tem 212 milhões de pessoas. Tem 208 milhões que não estão tendo atenção necessária. É câncer, cardiovascular. Isso tudo tá represado, é demanda reprimida. Quando você controlar a covid, o ‘não covid]” vai chegar com tudo, e você pode pegar uma estrutura sucateada. Ai você só vai transferir o problema de medo. […] A gente tem que preparar pra essa segunda fase que vai chegar também”, disse.

Correio Braziliense